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Vamos juntos percorrer um breve percurso para sabermos mais sobre a origem do Dia de Ação de Graças. Trata-se de um dia celebrativo, seja no ambiente social, seja no religioso, com festas públicas e familiares.
O Dia de Ação de Graças teve origem nos Estados Unidos, onde se estima que tenha sido celebrado pela primeira vez na última quinta-feira do mês de novembro de 1620, na região nordeste do país, nomeada Nova Inglaterra.
Promovida pelos cristãos em agradecimento pelas boas colheitas realizadas durante o ano, a festa se tornou conhecida e hoje é também celebrada nas Ilhas do Caribe e no Canadá, onde sua origem tem uma história particular.
No Brasil, não se sabe bem ao certo quando o Dia de Ação de Graças começou a ser celebrado, mas é conhecido que, por sugestão do embaixador Joaquim Nabuco, no dia 17 de agosto de 1949. Foi instituído o Dia Nacional de Ação de Graças pelo então presidente Gaspar Dutra. por meio da Lei 781.. Posteriormente, com a Lei 5.110, se estabeleceu que a comemoração se daria na quarta quinta-feira do mês de novembro.
Entre os sinônimos que encontramos da palavra “gratidão”, temos as palavras “reconhecimento” e “agradecimento”. A atitude de ação de graças se dá sempre em momentos nos quais a pessoa sente-se beneficiada por algo, e isso pode se dar nos mais diferentes contextos, ou seja, em situações simples do cotidiano e em momentos cruciais da vida. Não se pode medir nem padronizar o que venha a ser mais ou menos importante, mas o que se pode especificar é o sentimento que surge espontaneamente, que não é outro senão aquele de GRATIDÃO.
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O fato é que, infelizmente, assim como outras palavras do vocabulário da língua portuguesa, também esta corre o risco de perder o seu real sentido, quando seu uso torna-se banal, um modismo, uma técnica, desconexa da realidade da vida, para alcançar algum nível de bem-estar.
Sabedoria para agradecer
A literatura bíblica apresenta um livro que, por excelência, é composto de hinos: o livro dos Salmos. A palavra “salmo” provém do termo hebraico sefer tehîllîm (livro do louvor). Os salmos podem ser considerados Palavra de Deus à pessoa humana e palavra da humanidade a Deus. Há uma relação muito peculiar nesses textos, pelas emoções que os cercam.
Neles, o povo de Israel se expressa com seu canto e sua música, se dirigindo a Deus desde seus mais variados sentimentos. Os salmos de ação de graças, como, por exemplo: Sl 18; 21; 30; 33; 34; 40; 65-68; 92; 116; 118; 124; 129; 138; 144, cantam a realidade do povo de Israel que louva a Deus, reconhecendo sua presença e providência até mesmo em meio ao sofrimento, à injustiça. O canto do povo israelita nos convida a uma postura de gratidão em nossa vida, de forma que em tudo saibamos agradecer (cf. 1Ts 5,18).
Ressignificar e agradecer
Na realidade em que vivemos, com tantas guerras, desastres naturais, acidentes, incêndios, terremotos, inundações, fome, violência, doenças, prepotências, nem sempre nos sentimos motivados à gratidão. Crises se instauram, valores são deturpados, a verdade fica comprometida, a comunicação perde a credibilidade.
O salmista nos diz: “Como poderíamos cantar cantos de alegria quando é hora de chorar?” (cf. Sl 137,4), demonstrando toda sua indignação diante de um momento difícil vivido por seu povo. Em nosso contexto, o convite é para uma ressignificação desse sentimento: não podemos encobrir a injustiça, não podemos ficar de outro lado que não seja o da verdade, não podemos nos perder em ideias deturpadas. É hora de estarmos esperançosamente inquietos, conscientes de tudo que ocorre em nosso meio e gratos por cada detalhe que nos faça acreditar no bem.
Com o salmista podemos dizer:
“Eu te bendigo, ó Rei e meu Deus,
e bendigo teu nome para sempre e eternamente.
Eu te bendirei todos os dias
e louvarei teu nome para sempre e eternamente.
Grande é Iahweh, e muito louvável,
é incalculável a sua grandeza”
(Sl 145,1-3, Bíblia de Jerusalém).
Mery Elizabeth de Souza é irmã paulina, bacharela em Teologia e atualmente prossegue os seus estudos na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma. Tem espírito aventureiro, gosta de fazer caminhadas, conhecer lugares diferentes e aprender coisas novas, seja no âmbito intelectual ou religioso, seja no social.