Reflexão feita por Silvonei José Protz, jornalista da Rádio Vaticano responsável pelo Portal Vatican News. Foto: Regional Sul 2 da CNBB
O Papa Francisco aponta para o exemplo de um comunicador com coração no "misterioso Viajante que dialoga com os discípulos de Emaús": falando com amor, Jesus acompanha "o caminho da dor deles", respeitando seu tempo de compreensão.
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O Papa continua a escrever: Num período da história marcado por polarizações e oposições – de que, infelizmente, nem a comunidade eclesial está imune – o empenho em prol duma comunicação “de coração e braços abertos” não diz respeito exclusivamente aos agentes da informação, mas é responsabilidade de cada um. Todos somos chamados a procurar a verdade e a dizê-la, fazendo-o com amor”.
Palavras que fazem o bem
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Esse chamado desafia particularmente os cristãos - continua Francisco -, de cujas bocas "nunca devem sair palavras ruins", mas apenas palavras capazes de fazer o bem aos outros e de abalar até mesmo os "corações mais endurecidos". É a "força suave do amor" que o Papa aponta, convidando-nos a repensar suas consequências sociais: “Nós a experimentamos na convivência cívica, onde a bondade não é apenas uma questão de "etiqueta", mas um verdadeiro antídoto para a crueldade, que infelizmente pode envenenar corações e intoxicar relacionamentos. Precisamos dela na mídia, para que a comunicação não fomente um ressentimento que exaspere, gere raiva e leve ao confronto, mas ajude as pessoas a refletir com calma, a decifrar, com espírito crítico e sempre respeitoso, a realidade em que vivem”.
Francisco de Sales, exemplo brilhante de falar com o coração
Sobre São Francisco de Sales, doutor da Igreja, bispo de Genebra em uma época de disputas acirradas com os calvinistas e proclamado por Pio XI padroeiro dos jornalistas católicos, Francisco diz que "sua atitude mansa, sua humanidade, sua disposição de dialogar pacientemente com todos e especialmente com aqueles que se opunham a ele o tornaram uma testemunha extraordinária do amor misericordioso de Deus".
Para o santo, a comunicação era um "reflexo da alma" e uma manifestação de amor. Nós "somos o que comunicamos", ele nos lembra, e seu ensinamento, observa o Papa, parece "contra a corrente" em uma época em que a comunicação é frequentemente instrumentalizada.
Seus escritos são "uma leitura extremamente agradável, instrutiva e estimulante", diz o Papa Francisco citando as palavras de São Paulo VI e depois comenta: “Se olharmos para o cenário da comunicação hoje, não são exatamente essas as características que um artigo, uma reportagem, um relatório de rádio ou televisão ou uma postagem nas mídias sociais devem ter? Que os profissionais de comunicação se sintam inspirados por esse santo da ternura, buscando e dizendo a verdade com coragem e liberdade, mas rejeitando a tentação de usar expressões marcantes e agressivas”.
Silvonei José Protz, jornalista, doutor em comunicação e professor universitário em Roma. Jornalista da Rádio Vaticano responsável pelo Portal Vatican News. Dirige uma equipe de jornalistas que produz programas em Língua Portuguesa para 400 emissoras brasileiras e que chegam a mais oito países, entre eles Angola e Moçambique.
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