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A recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que descriminalizou o uso da maconha no Brasil gerou debates intensos e reflexões sobre o impacto dessa mudança na sociedade.
Enquanto muitos celebram a decisão como um avanço na defesa das liberdades individuais e uma estratégia para reduzir a superlotação carcerária, é essencial considerar o papel da família como um agente protetivo, especialmente diante de um cenário social em transformação.
A descriminalização da maconha: O que isso significa?
A decisão do STF não legaliza o uso da maconha, mas descriminaliza o porte para uso pessoal. Na prática, isso significa que o usuário não será mais sujeito a prisão, mas poderá enfrentar medidas administrativas, como advertências ou a participação em programas educativos. A descriminalização, portanto, visa tratar o uso da droga como uma questão de saúde pública, em vez de criminalizar o indivíduo.
Entretanto, essa mudança levanta preocupações sobre o aumento potencial do uso da droga, especialmente entre jovens. A maconha, embora considerada menos perigosa que outras drogas, ainda tem efeitos significativos no desenvolvimento cerebral, principalmente em adolescentes.
Nesse contexto, a família se torna um elemento crucial na orientação e proteção dos jovens.
O papel fundamental da família
A família é, sem dúvida, o primeiro e mais importante núcleo de formação do indivíduo. É nela que os valores, princípios e limites são inicialmente estabelecidos. Em tempos de mudanças legislativas e sociais, como a descriminalização da maconha, o papel protetivo da família se torna ainda mais evidente.
Pais, mães e responsáveis precisam estar atentos e preparados para dialogar abertamente sobre os riscos e consequências do uso de drogas. Esse diálogo deve ser baseado em informações precisas e atualizadas, sem alarmismo, mas com a clareza necessária para que os jovens compreendam as implicações de suas escolhas.
Além disso, é crucial que os laços familiares sejam fortalecidos, criando um ambiente de confiança e suporte, onde os jovens se sintam seguros para discutir seus problemas e desafios.
Como a família pode atuar de forma protetiva?
Primeiramente, é essencial que os membros da família busquem informações e se atualizem sobre o tema. Compreender os efeitos da maconha no corpo e na mente, bem como os aspectos legais da descriminalização, é o primeiro passo para uma conversa esclarecedora e educativa.
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Além disso, o exemplo dos pais é fundamental. Comportamentos e atitudes dos responsáveis são muitas vezes replicados pelos filhos. Por isso, manter hábitos saudáveis e demonstrar responsabilidade no uso de qualquer substância, legal ou não, reforça o aprendizado dentro do lar.
A construção de uma relação de confiança também é vital. Os jovens precisam saber que podem conversar com seus pais sem medo de julgamento ou punições severas. Essa confiança é construída ao longo do tempo, com diálogos abertos e sinceros, onde os sentimentos e preocupações de ambas as partes são ouvidos e respeitados.
Por fim, é importante que a família esteja atenta aos sinais de uso de drogas. Mudanças de comportamento, queda no desempenho escolar, alterações no ciclo de sono e isolamento social podem ser indicativos de que algo não está bem. Nessas situações, buscar ajuda especializada pode ser crucial para evitar que o problema se agrave.
O equilíbrio entre liberdade e responsabilidade
A decisão do STF traz à tona a necessidade de equilíbrio entre a liberdade individual e a responsabilidade coletiva. Enquanto a descriminalização da maconha pode representar um avanço em termos de políticas públicas, ela também exige que a sociedade, e em especial as famílias, estejam preparadas para lidar com seus efeitos.
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O papel protetivo da família nunca foi tão importante. Num cenário onde as regras sociais estão em constante mudança, a família continua sendo a base sólida onde os indivíduos encontram orientação, apoio e proteção. Ao fortalecer os laços familiares e promover diálogos abertos e informados, podemos ajudar nossos jovens a fazerem escolhas conscientes e responsáveis, mesmo em um contexto de maior liberdade individual.
Gabriel Carvalho dos Santos, mestre em Direito da Sociedade da Informação pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas de São Paulo (FMU). Advogado empresarial. E-mail: [email protected].