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Notícias sobre eventos climáticos extremos ocupam todas as mídias: enchentes no Rio Grande do Sul, seca na Amazônia, inundações e ondas de calor na África e temperaturas extremas na Ásia. Diante de tanta tragédia climática, o que cada pessoa pode fazer para evitar o desequilíbrio ambiental?
São muitas as formas da sociedade se envolver no processo que melhora a qualidade ambiental de nossas cidades, país e planeta. A começar pela conscientização de que está na mão de cada indivíduo o poder de escolher o que se consome. É a partir das nossas escolhas que decidimos para onde vai o impacto econômico e consequentemente, o ambiental.
Presidente do Instituto Árvores Vivas, Juliana Gatti Rodrigues. Foto: Divulgação
“Escolha empresas locais, de pequenos produtores que usam materiais naturais e se preocupam em não impactar o meio ambiente. Consumir produtos locais diminui o impacto de logística e emissão de combustíveis fósseis que são a maior ameaça para nosso clima. Outra maneira efetiva é reduzir o consumo de alguns produtos que possuem maior impacto ambiental, como a carne vermelha. A maior parte do desmatamento e da dificuldade de se promover regeneração ambiental de áreas naturais degradadas é devido ao uso dessas áreas para plantio de soja, que alimentam os animais de criação extensiva”, orienta a presidente do Instituto Árvores Vivas e representante da sociedade no Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da cidade de São Paulo, Juliana Gatti Rodrigues.
É indispensável praticar o conceito dos 3Rs (reciclar, reutilizar e reciclar) em relação ao controle do nosso consumo, com foco especial nos plásticos e no que é sintético, além das embalagens e produtos de uso único, descartáveis. “Participe dos conselhos ambientais e movimentos comunitários de preservação das áreas verdes e cuidado com rios e águas do seu bairro e cidade. Articule a valorização do patrimônio natural e defenda o direito de todas as pessoas terem acesso a ambientes limpos, saudáveis e sustentáveis para uma melhor qualidade de vida”, acrescenta Juliana Gatti Rodrigues.
Efeitos das mudanças climáticas
A percepção dos brasileiros sobre os efeitos das mudanças climáticas está cada vez mais alinhada com a realidade vivida nas ruas e lares do país. Uma pesquisa conduzida pela PwC e o Instituto Locomotiva mostra que a maioria dos brasileiros entrevistados reconhecem a influência das mudanças climáticas em suas vidas, com 87% acreditando que a tendência é que a população seja cada vez mais afetada.
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O levantamento, feito antes da tragédia climática que acometeu o Estado do Rio Grande do Sul, revela que a preocupação com a crise já está enraizada na mente dos brasileiros, independente das classes sociais. Ainda assim é preciso sensibilizar a sociedade sobre a gravidade do que estamos vivendo.
A vida como conhecemos, a qualidade do ar que respiramos, a produção dos alimentos, o acesso à água potável, a regulação de temperaturas, os ciclos das estações do ano, o controle de doenças, são aspectos dependentes de um equilíbrio ambiental e de saúde planetária. “Não querer encarar a necessidade de mudança é uma fuga, mas principalmente um comportamento ganancioso, desrespeitoso e não comprometido com a vida. Estamos agindo contra nós mesmos, estamos indo contra um dos principais preceitos ao ir contra a expressão do amor e da empatia para com o presente da vida”, defende a presidente do Instituto Árvores Vivas.
Responsabilidade e justiça
Para o Papa Francisco o fenômeno das mudanças climáticas nos lembra com insistência as nossas responsabilidades: “Este fenômeno afeta particularmente os mais pobres e frágeis, aqueles que menos contribuíram para a sua evolução. É primeiro uma questão de justiça e depois de solidariedade. As mudanças climáticas também nos levam a basear nossa ação na cooperação responsável de todos: nosso mundo é muito interdependente e não pode se dar ao luxo de ser dividido em blocos de países que promovem seus interesses de maneira isolada ou insustentável.”
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O pontífice defende uma mudança decisiva no atual modelo de consumo e produção: "É um grande e exigente desafio, porque exige uma mudança de rumo, uma mudança decisiva no atual modelo de consumo e produção, muitas vezes imerso na cultura da indiferença e do descarte, descarte do ambiente e descarte das pessoas”.
Não podemos mais nos referir à crise climática no futuro, ela está acontecendo agora. E somos todos responsáveis: cidadãos, empresas e governos.
O que será das futuras gerações? Como Francisco já afirmou “das mãos de Deus recebemos um jardim, aos nossos filhos não podemos deixar um deserto”.
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