Serviço de Animação Bíblica (SAB)

Oráculos contra Jerusalém - Dicas Bíblicas / Junho 2024

Foto: Zuleica Silvano, fsp

Olá, pessoal que acompanha nossas “Dicas Bíblicas”!

Iniciamos mais um mês, junho, carregado de festas significativas no calendário litúrgico da Igreja, como a memória de Santo Antônio, o nascimento de João Batista e a solenidade do martírio dos apóstolos Pedro e Paulo.

Ao contemplarmos esses santos, mártires e apóstolos, percebemos neles uma afinidade com o profeta que estamos estudando: Ezequiel. Todos deram testemunho de sua fé e foram voz profética em seu contexto, ao anunciarem aquilo que acreditavam, mas também em denunciar tudo o que não era conforme a vontade de Deus.

Nesses meses, já percebemos essa mistura de anúncio, denúncia e consolação retratados nos textos do Livro de Ezequiel e, neste mês de junho, propomos como reflexão os oráculos contra Jerusalém descritos em Ez 4‒11. Esses capítulos estão situados no primeiro período da atuação profética de Ezequiel, logo após a narrativa de sua vocação e missão, e no período da primeira deportação para Babilônia.

Isso é importante assinalar, pois mesmo que sejam oráculos contra Jerusalém, o profeta já está vivenciando a experiência de ser exilado na Babilônia, ou seja, longe de sua terra, do templo, de sua rotina como sacerdote em Jerusalém. 

Da Babilônia, Ezequiel dirige-se àqueles que permaneceram na terra, em Judá, para reprovar seus pecados, sua rebeldia contra os mandamentos de Deus (Ez 5); sua idolatria (Ez 6), sua maldade (Ez 7). Apesar dos exilados alimentarem a esperança de que o castigo enviado por Deus será passageiro, o profeta anuncia mais deportações e a queda de Jerusalém. Esse bloco de capítulos (4‒11) pode ser dividido em duas subseções: Ez 4‒7 e Ez 8‒11. Eles são perpassados por ações simbólicas, alegorias e imagens.

A primeira ação (Ez 4,1-3) representa o assédio a Jerusalém pelos babilônicos e, a segunda (Ez 4,4-8), retrata a maldade do povo e sua infidelidade e a consequente punição. A terceira ação simboliza a fome e a miséria do povo (Ez 4,9-17), tudo isso por causa das alianças que Judá faz com os povos vizinhos, contaminando-se com práticas idolátricas. Há ainda uma quarta ação simbólica quando o profeta corta seus cabelos e barba, com a espada, e são espalhados pelo vento (Ez 5,1-4), representando esse momento de destruição e de luto, nessa realidade desoladora, na qual a população será morta (espada e fogo) e os restantes se dispersarão por meio da fuga e do exílio (vento). Estes serão os cenários do destino do povo eleito.

Termina esse bloco com a interpretação dos gestos simbólicos e com a acusação pela rebeldia do povo. Nos capítulos 6‒9, temos uma série de acusações tendo como tema principal a infidelidade de Israel ao promover a prática idolátrica, e o castigo divino, no qual o “dia do Senhor” é descrito de forma negativa, como dia de punição. Diante dessa realidade pecaminosa, o Senhor se retira da cidade (Ez 10,1-22), após salvar os inocentes.

Essa cena deseja afirmar que a destruição de Jerusalém é a punição divina pelos pecados cometidos. A imagem mais impactante é a partida da glória de Deus do Templo, o qual fica completamente sem a presença e a proteção divina, por isso será invadido pelos babilônicos: os ímpios e impuros que o destruirão. No final dessa seção (Ez 11,1-25), nos deparamos com o anúncio do exílio, mas também da promessa de um novo povo de Deus.  

Ao percorrermos esses capítulos, percebemos conexões com os santos que celebramos neste mês, pois foram pessoas que anunciaram o amor de Deus, denunciaram os valores contrários ao Evangelho e testemunharam com sua vida a experiência que fizeram com o Senhor.

Cabe a cada um e cada uma de nós, na metade deste ano, avaliarmos nossa caminhada, nosso itinerário de fé, agradecer pelas passagens de Deus em nossa vida, e confrontarmo-nos com os inúmeros apelos proféticos provenientes desses santos que celebramos, do Livro de Ezequiel, e dos textos bíblicos que ouvimos e meditamos cotidianamente. 

Pausa para reflexão

1)    O que os santos celebrados em junho e o profeta Ezequiel tem em comum? Você conhece algo de suas vidas?
2)    Quais são os apelos que eles trazem para nossa vida?
3)    Como ser também uma voz profética nos ambientes que frequentamos? 
4)    Conhecemos alguma pessoa que consideramos profetisa/profeta em nossa comunidade, família, no local de trabalho e de estudo? 

Zuleica Aparecida Silvano é irmã paulina e assessora do Serviço de Animação Bíblica – SAB/Paulinas.

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