Serviço de Animação Bíblica (SAB)

Oráculos para todos os tempos - Ezequiel 25-32- Dicas Bíblicas / Julho 2024

Foto: Frepik

O mês de julho nos brinda com o Dia do Amigo, celebrado no Brasil no dia 20; e o Dia Internacional da Amizade, no dia 30: dupla motivação para esse sentimento tão necessário a toda pessoa! Papa Francisco, adepto entusiasta da amizade, com o intuito de fortalecê-la no mundo, publicou em 2020 a Carta Encíclica Fratelli Tutti (Todos Irmãos).

A Carta apresenta São Francisco de Assis como modelo de fraternidade e a amizade social. Diz o Papa, referindo-se ao santo: “Há um episódio que mostra seu coração sem fronteiras, capaz de superar as distâncias de proveniência, nacionalidade, cor ou religião: é a visita ao Sultão Malik-al-Kamil do Egito, que lhe exigiu grande esforço, devido aos poucos recursos que possuía, à distância geográfica e às diferenças de língua, cultura e religião. Aquela viagem demonstrava a grandeza do amor que Francisco de Assis queria viver, desejoso de abraçar a todos” (FT, 3).

No desenrolar do texto, o Papa propõe não só para a Igreja, como também para toda a humanidade, o sonho da amizade social, e mostra que o projeto de Deus revelado na Bíblia é justamente o cuidado da vida, do direito e da justiça entre todas as pessoas, povos e nações.  

O século 21 conta com inúmeros organismos internacionais voltados para a concórdia, a paz e a convivência justa, pacífica e amigável de todos os povos. No entanto, as notícias de conflitos armados e de destruição e morte ainda se repetem diariamente. Esse panorama engloba política, economia, cultura, ciência, tecnologia e todas as outras dimensões do convívio humano globalizado. Como em tantas dimensões da vida humana, também essas podem ser iluminadas pela Palavra de Deus contida na Bíblia.

Mais uma vez, o profeta Ezequiel, livro escolhido para o estudo do Mês da Bíblia de 2024, vem dar-nos chaves de leitura perenes e atuais. Neste mês, veremos os oráculos do profeta “contra as nações”. 

A profecia bíblica é identificada pela clareza com que vê o projeto de Deus, e pela corajem de denunciar as práticas contraditórias, e um dos gêneros literários mais conhecidos é o dos oráculos de Deus na voz do profeta, contra a injustiça e a opressão dos fortes sobre os fracos.

No Livro de Ezequiel, esses oráculos são centrais e ocupam os capítulos 25 a 32. Trazem uma visão de como as potências internacionais oprimiam e exploravam o povo de Israel e outros povos menores da região. Ezequiel não foi um político, foi um sacerdote de Jerusalém que viveu na Babilônia, exilado no meio do povo.

O profeta se define como a sentinela que tudo acompanha e por isso pode falar. O livro revela o quanto Ezequiel era bem informado sobre o comércio e a política internacional, seu conhecimento é mostrado em Ez 27,3, na metáfora de um navio em alto mar, em plena atividade comercial. Esse navio representa a cidade de Tiro. 

Ezequiel é surpreendente ao dizer que a esperança de salvação vinda do Deus de Israel é uma porta aberta para todos os povos. Segundo o profeta, Deus não quer destruí-los, ao contrário, quer restaurá-los, caso eles mudem de conduta e adotem a justiça e o respeito ao direito de todos os povos. Até o Egito, ao invés de ser banido pela justiça de Deus, será despojado de seu poderio opressor, como se lê no capítulo 29: “Mudarei a sorte dos egípcios e farei com que voltem à terra de Patros, a terra de sua origem. Lá, serão um reino humilde [...]. Eu os reduzirei para que não dominem sobre as nações” (vv. 14-15).         

Três blocos de oráculos formam a profecia de Ezequiel: o primeiro, visível nos capítulos 1 a 24, denuncia o povo de Deus habitante do reino de Judá, que abandonou a fé dos antepassados, confiou nos ídolos e se entregou à ação destruidora praticada pelos países vizinhos; como vimos no mês passado nas “Dicas Bíblicas”.

Nos capítulos seguintes, 25 a 32, o profeta anuncia oráculos contra as nações que invadiram e destruíram Jerusalém e levaram o povo para o exílio. E por fim, o terceiro, traz profecias de restauração futura, nos capítulos 33 a 48, formando uma transição que indica o juízo de Deus sobre todas as nações da terra, as quais responderão pelos atos de injustiça e impiedade, do mesmo modo como Israel e Judá sofrem as consequências de terem abandonado a fé que receberam dos pais.  

Ezequiel e outros profetas manifestam a posição de Deus perante a realidade internacional de violência. Mostram como, mediante uma série complexa de acordos negociados ou impostos extorquidos, as nações atuam dentro do contexto histórico.

Com tudo isso, os profetas prezam pela paz entre os seres humanos. Gritam para que não haja entre os povos, guerras, lutas e conflitos, que apenas trazem destruição e morte. Os oráculos contra as nações estrangeiras revelam a preocupação de Deus e de seus mensageiros por um mundo de paz e justiça. Mundo de fraternidade e amizade social.

No entender do Papa Francisco: “Reconhecer todo ser humano como irmão e irmã e procurar uma amizade social é um exercício alto da caridade. Trata-se de avançar para uma ordem social e política, cuja alma seja a caridade social, que busca o bem comum” (FT, 180). O profetismo do Papa, na linha de continuidade de Ezequiel, traz motivações essenciais para que se comemorem as datas dedicadas à amizade neste mês de julho. 

Pausa para refletir

1.    Quem me vem à mente quando penso em “amizade”? 
2.    De que modo as pessoas “símbolos” de amizade traduzem na vida os valores propostos por Ezequiel na profecia e pelo Papa Francisco na Carta Encíclica Fratelli Tutti? 
3.    Minha prática é de amizade pessoal? Amizade social? Preocupo-me com as pessoas distantes? As que sofrem opressões e guerras? 
4.    Como vou manifestar amizade social neste mês de julho? 

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