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Orientações da Igreja Católica sobre a cremação

A Igreja permite a cremação, se esta não manifestar uma posição contrária à fé na ressurreição dos corpos (CIC 2301)

Foto: Freepik

Em 5 de Julho de 1963, com a Instrução Piam et constantem, o então chamado Santo Ofício estabeleceu que fosse “fielmente conservado o costume de enterrar os cadáveres dos fiéis”, acrescentando, contudo, que a cremação não é “em si mesma contrária à religião cristã”.

E afirmava, também, que não devem ser negados os sacramentos e as exéquias àqueles que pediram para ser cremados, com a condição de que tal escolha não seja “uma negação dos dogmas cristãos, um espírito sectário, ou ainda, um ódio contra a religião católica e à Igreja”. 
Esta mudança da disciplina eclesiástica foi confirmada no Código de Direito Canônico (1983) e no Código dos Cânones da Igreja Oriental (1990).

Uma nova Instrução sobre a sepultura e a conservação das cinzas

A prática da cremação difundiu-se bastante em muitas nações e, ao mesmo tempo, difundiram-se, também, novas ideias em contraste com a fé da Igreja. 

Por isso, após ter ouvido a Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, o Pontifício Conselho para os Textos Legislativos e numerosas Conferências Episcopais e Sinodais dos bispos das Igrejas Orientais, a Congregação para a Doutrina da Fé considerou oportuno publicar uma nova Instrução, com o fim de reafirmar as razões doutrinais e pastorais da preferência em dar sepultura dos corpos e, ao mesmo tempo, dar normas sobre o que diz respeito à conservação das cinzas no caso da cremação.

Em 15 de agosto de 2016, a Congregação para a Doutrina da Fé publicou a Instrução Ad resurgendum cum Christo, a propósito da sepultura dos defuntos e da conservação das cinzas da cremação.  Destacamos as normas que seguem.
Importância do sepultamento dos mortos 

Conforme a antiga tradição cristã, a Igreja recomenda insistentemente que os corpos dos falecidos sejam sepultados no cemitério ou num lugar sagrado.

Foto: Freepik

Enterrando os corpos dos falecidos, a Igreja confirma a fé na ressurreição da carne, e deseja colocar em relevo a grande dignidade do corpo humano como parte integrante da pessoa da qual o corpo partilha a história.

Não pode, por isso, permitir comportamentos e ritos que envolvam concepções errôneas sobre a morte, como se esta fosse o aniquilamento definitivo da pessoa, o momento da sua fusão com a mãe natureza ou com o universo, uma etapa no processo da reencarnação, ou a libertação definitiva da “prisão” do corpo.

E, além disso, a sepultura dos corpos dos fiéis falecidos nos cemitérios ou noutros lugares sagrados favorece a memória e a oração por eles da parte dos seus familiares e de toda a comunidade cristã, assim como a veneração dos mártires e dos santos.

Onde conservar as cinzas da pessoa falecida cremada?

Quaisquer que sejam as motivações legítimas que tenham levado à escolha da cremação do cadáver, as cinzas do defunto devem ser conservadas, por norma, num lugar sagrado, isto é, no cemitério ou, se for o caso, numa igreja ou num lugar especialmente dedicado a esse fim determinado pela autoridade eclesiástica.

A conservação das cinzas num lugar sagrado pode contribuir para que não se corra o risco de afastar os falecidos da oração e da recordação dos parentes e da comunidade cristã.

Por outro lado, deste modo, evita-se a possibilidade de esquecimento ou desrespeito que podem acontecer, sobretudo após passar a primeira geração, ou então cair em práticas inconvenientes ou supersticiosas.

E a dispersão das cinzas no mar, no ar, na natureza?

Para evitar qualquer tipo de equívoco panteísta, naturalista ou niilista, não é permitida a dispersão das cinzas no ar, na terra ou na água. Exclui-se, ainda, a conservação das cinzas cremadas sob a forma de recordação comemorativa em peças de joalharia ou em outros objetos.

E as exéquias da pessoa falecida?

No caso de a pessoa falecida ter claramente manifestado o desejo da cremação e a dispersão das mesmas na natureza por razões contrárias à fé cristã, devem ser negadas as exéquias, segundo as normas.

Uma pessoa que professa a fé cristã professa também com estes ensinamentos o que se reza na oração do Creio: “Creio na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém”. 

 

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