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Tal como aquele de Assis,
Jorge Bergoglio foi porta-voz
dos que não têm ninguém por si;
da mesma forma que o outro,
nu e pobre diante de Deus
e de toda a humanidade.
Defensor inegociável
de terra, teto e trabalho,
entre outros direitos básicos;
profeta às vezes solitário
no deserto do mercado global
e do consumismo exacerbado;
inimigo mortal de uma economia
frenética e mundializada
que "exclui, descarta e mata".
Santo Padre Francisco,
homem de Deus e dos últimos,
dos migrantes e refugiados,
dos pequenos e oprimidos,
das vítimas mais vulneráveis;
pastor de palavra pouca,
mas muita e intensa ação.
Como Jesus de Nazaré,
pregador breve, simples e profundo;
sabendo, da mesma forma que Ele,
erguer uma ponte sólida entre
o Crucificado e os crucificados
de todos os tempos e lugares.
Pontífice de gestos concretos
que "valem inteiras encíclicas",
capaz de ser "um de nós",
cujo poder era sinônimo de serviço
e cuja voz um sopro de Deus
nos ouvidos endurecidos,
nos corações angustiados
e nas almas atormentadas.
Igual ao Francisco de Assis,
voz da paz onde infúria a guerra,
da luz onde imperam as trevas,
do amor onde ruge o ódio,
da união onde reina a discórdia,
do perdão onde impera a vingança,
da alegria onde tudo é tristeza.
Servidor incansável no combate
pela defesa de "nossa casa comum",
pela acolhida ao estrangeiro,
pela visita aos encarcerados
e pelas vítimas vulneráveis.
Pastor vigilante e misericordioso
de "uma Igreja pobre para os pobres",
onde todos e todas possam
ser irmãos e irmãs.
Querido e amado Papa Francisco,
obrigado pela gigantesca herança
na memória da Igreja e do mundo:
um dos poucos pontos sólidos
numa "pós-modernidade líquida".
Pe. Alfredo J. Gonçalves,cs, é sacerdote da Congregação dos Missionários de São Carlos (scalabrinianos), cujo carisma é atuar com migrantes e refugiados. Durante 5 anos, foi assessor do Setor Pastoral Social da CNBB, depois Superior Provincial e Vigário Geral na Congregação supracitada. Hoje, exerce a função de vice-presidente do Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM). Recentemente lançou o livro Retratos da Metrópole, organizado pela Missão Paz.