SAB - Serviço de Animação Bíblica
Serviço de Animação Bíblica (SAB)

Páscoa: Aliança renovada - Dicas Bíblicas /Abril 2024

Foto: Freepik

Olá pessoal, iniciamos mais um mês, que já começa com o período litúrgico da Oitava de Páscoa. Um mês, portanto, marcado pelo Tempo Pascal, no qual somos convocados(as) a experimentar essa passagem da morte para a vida, após a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

A celebração da Páscoa, a principal solenidade litúrgica da Igreja, tem suas raízes nas tradições judaicas (Cf. Ex 12), nos eventos fundantes do povo do Antigo Testamento, como a libertação da escravidão do Egito, a passagem do mar, a caminhada no deserto e a entrada definitiva na Terra Prometida.

Na tradição cristã, recordamos toda a vida de Jesus e sua coerência com o projeto do Pai, que ao ser rejeitado, é morto. Contudo, Deus continua seu projeto ao ressuscitar seu Filho. 

É interessante perceber que no Novo Testamento não é narrado o ato em si da ressurreição de Jesus, dado que os relatos só descrevem os efeitos da ressurreição na vida das pessoas que se encontraram com o Senhor já Ressuscitado, ou ouviram e acreditaram no alegre anúncio de que o Crucificado, vive, foi ressuscitado.

São essas aparições a diferentes pessoas, mulheres e homens, que contemplaremos nos dois primeiros domingos deste mês. Além das aparições de Jesus, celebraremos o Domingo da Divina Misericórdia (7 de abril) e a festa de Jesus Bom Pastor (21 de abril). Momentos importantes para nosso itinerário de fé. 

Nessas “Dicas Bíblicas”, refletiremos sobre Ez 16, que apesar de enfatizar a infidelidade da “casa de Israel”, em contraste com a fidelidade de Deus, termina o capítulo com o anúncio da renovação da Aliança. Esses aspectos estão em sintonia com a Páscoa de Jesus, na qual é estabelecida a Nova Aliança e com o Domingo da Misericórdia, que ao mesmo tempo nos conduz à avaliação de nossa infidelidade, já bastante refletida no período quaresmal, mas também nos faz reconhecer a benevolência divina e tomar consciência dessa vida nova em Cristo Crucificado-Ressuscitado. 

O relato descrito em Ez 16 se serve do simbolismo matrimonial e da imagem de uma mulher em todas as fases de seu desenvolvimento (desde a infância até a idade adulta), para exprimir a relação entre Deus e o povo.

As diferentes fases do crescimento dessa mulher representam as diversas etapas da história da Salvação, acentuando a fidelidade do Senhor e a infidelidade de Israel. Deste modo, o texto inicia retratando a formação do povo (Cf. Ez 16,1-7) e a origem gentílica de Jerusalém. Passa pela eleição e Aliança estabelecida entre Deus e o povo (Cf. Ez 16,8-14), enfatiza o amor benevolente de Deus, em contraste com a infidelidade de Jerusalém, dado que seus dirigentes e o povo se deixam levar pela idolatria (vv. 15-52), colocando outros deuses no lugar do Deus de Israel, e promovem a injustiça em toda a nação. O fim será trágico, a punição, o exílio (Cf. Ez 16,15-52), dado que Israel respondeu negativamente ao amor de Deus.

O reino de Judá chega a ser comparado com a Samaria (Cf. 2Rs 17) e com Sodoma (Cf. Ez 16,44-52), símbolos da idolatria, da maldade, da injustiça em todos os âmbitos, e é avaliada como pior do que essas cidades. A última parte (Cf. Ez 16,53-63) simboliza a desolação do período no qual os exilados estão vivendo e, por isso, o profeta cessa com as acusações e traz uma mensagem de esperança e de consolação. Por amor ao seu Nome santo, profanado entre as nações (Cf. Ez 36,16-17), Deus não abandonará o povo, o perdoará, renovará sua Aliança (Cf. Ez 36,24-38) e o trará de volta para a Terra Prometida, libertando-o da dominação babilônica (vv. 61-63). 

Nessa bela alegoria temos o amor generoso de Deus, que faz de Israel um povo próspero e numeroso e a ingratidão do povo, sua infidelidade, que o conduz ao exílio. É um texto que se articula entre a vida e a morte. Israel sabe quem lhe dá a vida, mas opta por aqueles que o conduzem à morte. No entanto, o profeta não fica nesse contexto de morte, mas anuncia uma nova aliança eterna, não por causa dos méritos de Jerusalém, mas pela iniciativa gratuita e misericordiosa de Deus. Essa Nova Aliança, para nós cristãos e cristãs, se dá em Jesus Cristo. 

Pausa para reflexão

1.  Após o tempo da Quaresma, a experiência da Páscoa, dessa Aliança renovada com Deus, por meio de Jesus Cristo, como percebo os sinais de ressurreição em minha vida? 
2. O pecado principal de Judá é a idolatria, que consiste em endeusar pessoas, ideias, coisas, e que tem como consequência a injustiça. Quais “idolatrias” identificamos em nosso dia a dia? As injustiças com que nos confrontamos no cotidiano são consequências delas?  
3. O que significa celebrar a misericórdia de Deus? Como sinto a misericórdia de Deus em minha vida? Na de minha comunidade e na Igreja? 
Desejamos a você uma linda reflexão e um mês carregado da presença amorosa, benevolente e misericordiosa de Deus. 

Zuleica Aparecida Silvano, fsp, 

 

Zuleica Aparecida Silvano é irmã paulina e assessora do Serviço de Animação Bíblica – SAB/Paulinas.

Site Desenvolvido por
Agência UWEBS Criação de Sites