Música

Paulinas-COMEP: mais de seis décadas de música e evangelização

Mais seis décadas de uma história marcada pela criatividade e ousadia. Do vinil ao digital, muitas transformações, músicas e nomes que marcaram a história da gravadora religiosa mais antiga do Brasil

Criatividade e ousadia. Duas palavras que marcaram os inícios da gravadora Paulinas-COMEP e continuam presentes nesses mais de 60 anos de história. Do vinil ao digital, muitas transformações na gravadora religiosa mais antiga do Brasil.

Contudo, o objetivo continua o mesmo: gravar o Evangelho nos corações de homens, mulheres, crianças, jovens e idosos de variadas realidades sociais e culturais.

Os anos 60 nos fazem lembrar a Bossa Nova, festivais da canção, Jovem Guarda, Tropicalismo, ditadura militar, moças com saias, rodas de bolinhas e rapazes com jaquetas de couro a conduzir suas lambretas. Uma conjuntura de grande efervescência cultural no Brasil e no mundo. Mas outro marco deste tempo foi a criação da então Edições Paulinas Discos.

Numa década em que a ditadura militar foi instaurada no país, espalhar a Palavra de Jesus nos discos e programas de rádio seria como oferecer o jugo suave de Cristo em meio aos “anos de chumbo”. Outro acontecimento importante foi o Concílio Vaticano II, ocorrido entre os anos de 1962 e 1965.

Uma nova época se instaurou na Igreja e, mais do que nunca, era indispensável chegar às pessoas com novos métodos, incluindo meios de comunicação e produções audiovisuais. Avançar com as Edições Paulinas Discos era corresponder às inspirações do Espírito Santo para a Igreja naquele contexto. 

“Na escola de Jesus”, o primeiro LP lançado pelas irmãs Paulinas no Brasil

Como tudo começou nos anos de transformações culturais no Brasil e no mundo

Nos inícios, a simplicidade, poucos recursos e a grande vontade de evangelizar tinham a mesma proporção, assim como os inesperados da Divina Providência. A grande novidade eram as irmãs paulinas, abrindo caminhos no campo da música e da comunicação.

Em 1957, as religiosas da comunidade de Curitiba (PR) foram convidadas para assumir a programação da Rádio Cambiju da cidade de Araucária.

Produziam programas, apresentavam e ainda operavam a parte técnica. Conteúdos que alcançaram grande sucesso, copiados em “fitas de rolo” e distribuídos a outras rádios. 

Foi então que Irmã Tecla Merlo, cofundadora e primeira superiora-geral das Filhas de São Paulo (Irmãs Paulinas), em visita a Curitiba, no ano de 1960, lançou o desafio às religiosas que ali viviam: “Por que vocês não gravam discos?”. Deste modo, as gravações passaram a ser feitas em discos de vinil, sendo o primeiro LP a coleção catequética “Na Escola de Jesus”, com 16 volumes. Este foi o marco inicial para a fundação da gravadora “Edições Paulinas Discos” em 06 de março de 1960.

Ir. Stefanina Cillario, fsp, superiora da comunidade em Curitiba, liderou o surgimento da instituição e sua primeira diretora, a Ir. Maria da Glória Bordeghini. Em 1964, as Edições foram transferidas para São Paulo (SP). Época em que passavam os bondes nas ruas da capital paulista e, toda vez que um passava, eram obrigadas a parar as gravações devido ao barulho.

Outra curiosidade desse tempo foi a exigência, por parte do governo, de submeter as composições à censura militar. Inclusive Pe. Zezinho, scj, e a diretora da época, Ir. Maria Nogueira, fsp, precisaram prestar esclarecimentos, na Polícia Federal, sobre o LP “Meu Cristo Jovem”. Ao final, o censor ficou tão encantado que pediu o disco para dar de presente ao seu filho.

Os “esclarecimentos” do sacerdote não pararam por aí. Há mais de 50 anos, esclarece, explica, traz a vida de Cristo e Seus valores a tantas famílias nesta importante parceria com a gravadora. Como ele mesmo afirma, não se considera um cantor ou escritor, mas um catequista.

No decorrer dos anos, as irmãs sempre tiveram, em seu time, preciosos “jogadores”: compositores, intérpretes, músicos, colaboradores e profissionais de diferentes áreas. Uma equipe que, continuamente, mantém o ritmo de correr atrás da qualidade técnica, musical e de conteúdo e de uma diversidade de canções e ritmos, além de acompanhar os progressos tecnológicos e de comunicação. Em cada etapa, cresciam na experiência, na estruturação dos espaços físicos, num caminho de fortalecimento do selo “Paulinas-COMEP” (Comunicação Editora e Produtora Musical), nome dado às Edições Paulinas Discos em 1984. 

Nomes que marcaram os mais de 60 anos de história

Um dos mais importantes documentos do Concílio Vaticano II, a Exortação Apostólica, Evangelii Nuntiandi, do Papa Paulo VI, aponta que a Igreja se sentiria “culpável diante do seu Senhor, se ela não lançasse mão destes meios [de comunicação] potentes que a inteligência humana torna cada dia mais aperfeiçoados” (EN n.º45).

Nesse sentido, a Paulinas-COMEP esteve permanentemente atenta a estimular a produção musical em uma relação estreita com os meios de comunicação, a fim de atender às demandas dos novos tempos. Para tal, diversos nomes assinaram composições e dão literalmente voz a todo o trabalho da gravadora.

Em seu elenco, uma pluralidade de cantores e estilos a fim de “proclamar o Evangelho sobre os telhados (cf. EN n.º45) e também favorecer a cultura nacional por meio de ritmos, como a MPB, chorinho e samba:

Adriana Melo
Antonio Cardoso
Cantores de Deus
Ir ao Povo
Jô D'Melo
Jonny Mendes
Marília Mello
Ministério Adoração e Vida
Pe. Agnaldo José
Pe. Zezinho, scj
Vida Reluz
Zé Vicente

Bellinha a Ovelhinha
Alencastro
Cassiano Menke
Ricardo Sá
Trinca Brasil
Adelso Freire 
ViA33
Ceremonya
Monsenhor Jonas Abib
Padre Antônio Maria
Jazz 6
Theo de Barros
Electrocristo
Padre Fábio de Melo
Eudóxia de Barros
Toninho Carrasqueira

Quarteto de Brasília
Roney Marczak
Padre Joãozinho, scj
Padre João Carlos
Adriana Arydes
Maninho
Juliana de Paula
Ghislaine Cantini
Banda Bom Pastor
Luiz Carvalho (Comunidade Recado)
Padre Reginaldo Carreira
Ziza Fernandes
Ítalo Villar
José Acácio Santana
Coral Palestrina e Pequenos Cantores de Apucarana
Cid Moreira- Ir. Miria T. Kolling, icm
Silvio Brito
João Collares
E tantos outros.

 
    Interessante notar que a Paulinas-COMEP possui ainda a editora de música, que conta com compositores, às vezes, desconhecidos do povo, mas com canções muito renomadas e tocadas nas Missas e eventos em geral. São eles: J. Thomaz Filho, Pe. Irala, sj Frei Luiz Turra, Padre Paulo Sérgio Souza, entre outros.
 
Do vinil ao digital

O acervo da Paulinas-COMEP já atingiu a marca de mais de 10 mil composições. Obras que já foram veiculadas em diferentes plataformas conforme as evoluções da indústria fonográfica: LPs, fitas cassetes, CDs, DVDs e, atualmente, nas plataformas digitais em um trabalho integrado de produção de conteúdo para o website e redes sociais.

Desde a criação do canal no YouTube da Paulinas-COMEP, em 2007, os vídeos apresentam mais de 310 milhões de visualizações e mais de 1,1 milhão de inscritos.

A gravadora também gerencia os canais da Bellinha, a Ovelhinha e de Pe. Zezinho, scj, respectivamente com 150 mil e 411 mil inscritos, e 106 milhões e 95 milhões de visualizações desde o lançamento. 

Os meios mudam, mas a essência e os valores permanecem os mesmos. Tanto nos anos 60 como na atualidade, a Paulinas-COMEP dá uma resposta às necessidades dos homens e mulheres de cada tempo e busca chegar aos corações.

Em nenhum outro país, a música católica foi tão difundida de forma popular como no Brasil e, nisto, a gravadora teve (e tem) um papel essencial. Canções que atravessam fronteiras e chegam a todos os continentes e, sobretudo, conduzem os homens e mulheres até o Senhor!

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