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Paulinas Editora lança “Sabedoria na Aldeia”, uma imersão na filosofia de vida indígena

“O brasileiro não tem consciência da brasilidade, essa palavra mágica que nos dá identidade”, diz o autor do livro, Yaguarê Yamã

O autor Yaguarê Yamã. Foto: Arquivo Pessoal

Para entender a alma indígena, é necessário compreender sua filosofia de vida, algo que frequentemente se mostra desafiador para o pensamento ocidental moderno. A cultura tradicional indígena carrega em si os princípios de uma existência leve e saudável, contrastando com o ritmo acelerado e sobrecarregado das grandes cidades.

Enquanto muitas pessoas no mundo urbano anseiam por um conceito de "tempo livre", essa ideia soa estranha para os povos originários, que vivem no presente absoluto, em que apenas o momento importa. Além disso, seus valores morais são poucos, mas essenciais e intransigentes, fundamentais para a harmonia da vida em comunidade. Essa perspectiva revela saberes ancestrais que podem inspirar novas formas de enxergar a vida contemporânea.

No livro “Sabedoria na Aldeia” , o autor Yaguarê Yamã reúne provérbios e ensinamentos de diversos povos indígenas, como Munduruku, Maraguá, Tupi, Mawé, Parintin e Guarani, entre outros. Esses relatos refletem uma sabedoria comum à cultura indígena, abordando temas do cotidiano, como moradia, convivência, educação das crianças, respeito aos idosos e à natureza. A obra demonstra como esses conhecimentos ancestrais podem orientar as pessoas a viverem em harmonia e enfrentarem adversidades com resiliência. Ao compartilhar essas lições, o autor convida os leitores a refletirem sobre suas próprias maneiras de viver e a debaterem novas perspectivas, inspiradas pela riqueza cultural dos povos originários.

Em entrevista exclusiva, Yaguarê Yamã, reconhecido defensor da cultura indígena, fala sobre sua experiência ao reunir esses ensinamentos e discute a importância de preservar e valorizar os saberes ancestrais. Ele destaca o papel transformador dessas filosofias de vida não apenas para os povos indígenas, mas também para aqueles que buscam alternativas mais equilibradas e sustentáveis no mundo atual.

O lançamento de “Sabedoria na Aldeia” pela Paulinas Editora é um convite para redescobrir a simplicidade e a profundidade das tradições indígenas, promovendo um diálogo intercultural capaz de enriquecer nossas vidas e nosso entendimento do mundo.

Apesar da cultura indígena fazer parte do cotidiano do brasileiro, com nomes, costumes, comidas etc., o brasileiro não tem consciência da filosofia dos povos originários. O que é preciso para que isso mude?

Yaguarê Yamã: Na verdade, e, infelizmente, o brasileiro não tem consciência da brasilidade, essa palavra mágica que nos dá identidade. Sendo assim, o brasileiro se priva dessa identidade, ignorando as culturas indígenas. Não enxergar a beleza indígena dentro da cultura brasileira e não se incomodar em conhecê-la é não querer essa identidade.  

Os povos indígenas sempre tiveram a preservação da natureza como modo de vida. O que isso pode ensinar ao mundo em tempos de emergência climática?

Yaguarê Yamã: A consciência indígena ensina que a humanidade não é nada sem a natureza. Se considerar como seus filhos é alcançar a perfeição humana, pois é para isso que existimos. Prefere ser alienígena ou querer mesmo se manter humano? A resposta está em cada um. Preferes ser herói deste mundo e assim ser filho da natureza? Ou preferes ser aquele que vai destruí-lo e, consequentemente, destruir a humanidade? Eis a questão. Eu, particularmente, assim como minha cultura me ensinou, prefiro ser humano e salvar a humanidade salvando a natureza.

Como a  filosofia de vida dos povos indígenas pode ser absorvida na cultura urbana que sofre tanto com problemas como burnout, ansiedade e falta de amor?

Yaguarê Yamã: Pois é! Tanta diferença entre o mundo de quem é envolvido pela natureza e o mundo de quem acha que não faz parte dela. Nesse contexto, digo que é muito difícil trazer para as pessoas da cidade esse mundo se elas mesmo não a aceitarem. Nesse caso, temos a literatura indígena, como este meu livro, que reluz as ideias das pessoas e as chama para o "bem-estar natural"”. 
 
Como foi a construção do livro? Por que a opção pelos provérbios e ensinamentos. Qual público você quis atingir?

Yaguarê Yamã: A escolha é clara! Trazer o mundo da aldeia para o mundo da cidade. Ajudar as pessoas a viverem melhor após se depararem com provérbios e sabedorias ligados à natureza. E isso, todos nós precisamos, é um mundo cada vez mais doente, ignorante quanto a importância da mãe natureza e cheio de tecnologia. 

Quando falamos em povos indígenas, imaginamos uma cultura única, homogênea. No entanto, são centenas de povos, cada um com suas características. Fale um pouco sobre isso.

Yaguarê Yamã: As pessoas que não conhecem a brasilidade. De fato, não conhecem os povos nativos, pois quem conhece sabe ao menos um pouco sobre esse universo. Imagine que é um mundo dentro de outro mundo! Um universo de povos, religiosidades e culturas vivas que para se manterem fortes em meio à globalização e matança cultural implementada pela cultura ocidental, precisam de sua ajuda, caro leitor. Sua leitura e seu aprendizado ajudam muito essas ricas culturas a se manterem vivas. O conhecimento sobre elas é uma boa maneira de ajudá-las e um golpe contra a ignorância. Saiba que a beleza do mundo é a diversidade! Sem ela, o mundo já teria morrido há muito tempo.

Autor do livro “Sabedoria na Aldeia”. Foto: Arquivo Pessoal

Autor do livro

Yaguarê Yamã, de origem Maraguá e Sateré-Mawé, cresceu entre a aldeia, o interior ribeirinho e as cidades de Parintins e Manaus. Licenciado em Geografia pela Universidade Santo Amaro (UNISA), tornou-se professor, escritor, ilustrador e geógrafo. Em 2004, retornou ao Amazonas para liderar a reorganização do povo Maraguá e lutar pela demarcação de suas terras. Em 2015, fundou a Associação do Povo Indígena Maraguá  (ASPIM), combatendo as ameaças de madeireiros e traficantes. Autor do projeto “De volta às origens”, promove o resgate cultural e linguístico indígena, palestrando em comunidades ribeirinhas e indígenas. Desde 1999 atua no Movimento de Literatura Indígena e integra instituições como Núcleo de Escritores Indígenas (NEARIN), Instituto Indígena Brasileiro de Propriedade Intelectual (INBRAPI) e WEWAÁ. É membro da Academia Parintinense de Letras e cofundador da Academia da Língua Nheengatu (ALN), que busca revitalizar a Língua Geral na Amazônia.

Ilustrador do livro

Mauricio Negro é ilustrador, escritor, designer, pesquisador, editor, curador e gestor cultural de projetos relacionados à natureza e sociedade, ao multiculturalismo e identidade, à ancestralidade e contemporaneidade, sobretudo, marcados pela diversidade sociobiocultural brasileira. É o mais frequente ilustrador da chamada literatura indígena, com a qual colabora há cerca de três décadas como ilustrador, designer, organizador, mediador, organizador e editor. Paulistano, nascido em 1968, é comunicólogo pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e pós-graduado em Gestão Cultural pelo Senac São Paulo. Foi membro do conselho diretor da Sociedade dos Ilustradores do Brasil (SIB).

 

O livro “Sabedoria na aldeia” está disponível em todas as Paulinas Livrarias do Brasil, no site paulinas.com.br, pelo telefone 0800 70 100 81 ou no WhatsApp (11) 97204-2814. 


 

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