Vocação Paulina

Por causa de um amor: Jesus

Irmã Maria Fontes, religiosa paulina, se define como “missionária comprometida, feliz e realizada”. Ela conta como foi esta sua rica experiência em Angola, na África

Irmã Maria Fontes em missão na África. Foto: Arquivo Pessoal

Irmã Maria Fontes, como foi sua resposta à missão ad gentes?

No ano 2000, recebi um convite da superiora geral das Filhas de São Paulo para as missões além-fronteiras, em Angola, África. Foi uma surpresa e disse meu SIM, embora no momento estivesse terminando uma pós em Teologia, justamente em missiologia, e que gostaria de terminar.

Isso me foi concedido e pude orientar a dissertação sobre conteúdos que me ajudassem para uma missão inculturada e libertadora.
Recebi essa solicitação para “missio Dei” com alegria, como uma oportunidade para um “redesenho da minha vida” doando-me ao Senhor servindo a um povo querido que sempre amei, o povo africano.

No dia 19 de dezembro de 2002 apresentei minha dissertação e, no dia 24, parti para o destino esperado. 

Algum desafio? Como enfrentou?

Confiante enfrentei o primeiro desafio: viajar para o exterior sozinha. Porém, a graça da obediência e as palavras de Alberione: “O Senhor vai acendendo luzes à medida que precisando delas” foram elementos facilitadores para sustentar a minha fé.

Como foi o período de adaptação?

Há apenas três meses o país gozava oficialmente da paz, embora aqui, ali persistissem focos de guerrilhas, insegurança e muito medo. Os hospitais cheios de mutilados e doentes.

Do percurso que fizemos do aeroporto até a residência, a paisagem era desoladora, a cidade devastada e abandonada, não se viam pessoas nas ruas.

Dentro de mim passava um turbilhão de pensamentos e sentimentos: Onde e como estará o povo a quem fui enviada para missionar? Como meu coração vai amar e servir esse povo sofrido, traumatizado, mutilado, seus entes queridos dispersos com os bombardeios feridos no corpo e na alma? 

Tudo era mais difícil para muitos deles sem fé, sem Deus. Socialmente sem identidade e esperança.

Enfim chegamos a residência onde fui bem acolhida pelas Paulinas, as três pioneiras e algumas jovens nativas que moravam conosco em discernimento vocacional.

Logo percebi a nossa presença missionária, como uma bênção, como um bálsamo, apontando um renascer de esperança em um país destroçado, destruído pela perseguição, guerra e falta de liberdade.

Irmã Maria Fontes realizando a missão paulina por meio de uma feira de livro. Foto: Arquivo Pessoal

Como você viveu sua experiência missionária?

Entre tantos apelos e necessidades, pude colaborar em diversas atividades apostólico-missionárias, na livraria, feiras, palestras, aulas de formação e iniciação bíblico-catequética para as nossas jovens. Participei de congressos, amostras com nossos produtos. O interessante é que tudo acontecia como se fosse a primeira vez: Primeiro Congresso, Primeira Amostra. Era um renascer! O Espírito estava fazendo novas todas as coisas.

Tudo que fazíamos era acolhido e valorizado.

A presença de jovens em nossa comunidade, foi uma realidade feliz e desafiadora, pois nossa preparação não era suficientemente convertida e inculturada para melhor conhecimento dos seus costumes e jeito de viver. Da convivência com as filhas desse povo lindo, tivemos como consequência a experiência de amar e servi-lo melhor. 
Sou muito agradecida ao Senhor da messe que nos enviou esses anjos bons para nos ajudar, ajudar aquele país.

Alguma recordação especial da sua missão em Angola?

Há uma fala entre os missionários em África que diz: todo missionário sai de África com uma dívida, por não amar mais esse povo de Deus.
Hoje, nossas Irmãs continuam sua missão de amar e servir os irmãos e irmãs de Angola, evangelizando com os Meios de Comunicação Social e mídias digitais.

Voltei para minha terra, mas carrego na vida a rica experiência de ter dado o melhor de mim para a causa do evangelho de Jesus nessa terra abençoada por Mamã Muxima, Nossa Senhora.

Irmã Maria Fontes, qual sua mensagem, a partir da sua experiência?

A vida missionária, além-fronteiras é uma experiência de missão e profecia, é batismo de sangue regando o solo onde a semente da fé, da solidariedade, da esperança e do amor, foram plantadas, para depois colher em mutirão, repartindo tudo com o coração.

Ser missionário, missionária, é ter o Espírito Santo como fogo que ilumina, que arde, queima e purifica, é tê-lo como inspirador e guia de um jeito novo de levar luz e profetizar. É tê-lo como seu parceiro de missão e administrador fiel. 

É gratificante ouvir esse chamado para anunciar e seguir Jesus, como servidores do Reino.
Sou uma Irmã Paulina missionária comprometida, feliz e realizada!

 


     

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