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Por que os jovens estão tão ansiosos e deprimidos?

Eles preferem o ambiente virtual e apresentam dificuldade de se expressar. O psiquiatra Augusto Cury dá pistas de como enfrentar essas questões em família

Foto: Pexels

Recentes pesquisas envolvendo adolescentes e jovens com idades entre 12 e 24 anos expõem dados tristes e alarmantes: esta população detém a prevalência de ansiedade e depressão, além de possuir o maior índice de suicídio do país.

Olhando para o seu entorno, observamos uma geração bombardeada por uma quantidade de estímulos muito maior do que as anteriores. O futuro profissional é uma incógnita que gera angústia e instabilidade, enquanto o próprio corpo responde por uma das grandes fontes de insegurança juvenil.

“Esses dados revelam um ecossistema de uma sociedade digital altamente destrutiva. Vivemos na era do adoecimento psíquico, uma a cada dez pessoas vai desenvolver um transtorno mental ao longo da vida e isso é estarrecedor”, afirma o médico psiquiatra, autor de mais de 70 livros e um dos autores brasileiros mais lidos nas últimas décadas, dr. Augusto Cury. 

Médico psiquiatra, dr. Augusto Cury. Foto: Divulgação

Tudo acontece no virtual

Não há dúvida de que o ambiente virtual é o preferido dos jovens. É no modo on-line que tudo acontece: eles tecem contatos e dão preferência ao trabalho remoto. Apresentam medo de falar em público, têm dificuldade de se expressar e alto índice de timidez. “Sou preocupado com o caminho que a sociedade está trilhando, por isso falo que temos que sair da era da superproteção e levar os filhos a lidarem com seus estresses, crises e dificuldades para que saibam o que é resiliência. Esta é a motivação do Ame-se: Academia de Saúde Emocional. Trata-se de um programa dedicado à prevenção da saúde psicológica de pais e filhos. Ele deve ser adotado pelas escolas e fará com que elas abracem as famílias”, explica o psiquiatra.

Muitos medos

Ansiedade, depressão, alodoxafobia (medo compulsivo da opinião alheia – dos haters, dos cancelamentos e das opiniões críticas), medo de falar em público, timidez, dificuldade de se expressar nas relações interpessoais, TOC (transtorno obsessivo-compulsivo) e doenças do sono, são apontados como os transtornos mais preponderantes.

Foto: Pexels

“A insônia virou uma epidemia, falamos em ‘mendigos emocionais’, crianças que precisam de muitos estímulos para sentir migalhas de prazer. Os jovens estão alienados, tensos, ociosos, mendigando o pão da alegria todos os dias, entrando nas redes sociais, se preocupando com a quantidade de ‘likes’. É preciso desenvolver a autonomia, a capacidade de ser líder de si, de pensar antes de reagir e não gravitar na órbita das críticas, do bullying, das rejeições, falhas e crises”, enfatiza Augusto Cury.

Pelo menos uma boa notícia

A boa notícia é que 51% dos jovens já procuraram ajuda profissional para cuidar da saúde mental ou cogitam fazê-lo. Aquilo que era vergonha até pouco tempo atrás, não é problema para eles.

Foto: Pexels

“Chegamos numa situação tão grave que não dá para esconder que a humanidade está adoecendo emocionalmente de forma coletiva. Antigamente as pessoas se escondiam, hoje há uma busca frenética por ajuda. A conscientização é a melhor maneira de levar as pessoas a procurarem ajuda. Meu questionamento é: o que estamos fazendo para a prevenção? Vamos esperar as pessoas adoecerem para depois tratá-las? Quem vai dar conta de cuidar de tantas pessoas? Por isso, é necessário investir em medidas preventivas urgentes!”, alerta o médico.

Acolhimento e escuta

A orientação para as famílias é manter o diálogo sempre aberto: mostre que você está disponível para escutar, aconselhar e acolher. Nem sempre vocês vão concordar, por isso mantenha a calma e ouça o que seu filho tem a dizer.

“Os pais devem evitar o apontamento de falhas e praticar a celebração dos acertos, dos elogios, da capacidade de encantar os filhos por observar comportamentos saudáveis como generosidade, empatia e aplaudi-los. Vale a pena desenvolver o ‘eu’ autor da própria história, que não se curva à dor, que não se torna vitimista. A solução passa pelo treinamento da gestão da emoção”, finaliza Augusto Cury.

 

Fontes: Estudo do Instituto AtlasIntel e Relatório Técnico Adolescência e Suicídio: um problema de saúde pública, da Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz; Ame-se: Academia de Saúde Emocional - [email protected]

Leia mais

O mais recente trabalho do dr. Augusto Cury, "Me Chamo Milagre", narra a fascinante história de uma menina superinteligente criada por um psicótico extremamente divertido. A obra retrata uma trajetória de superação diante de crises financeiras, abandono, bullying, ansiedade e psicose.

 

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