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Qual é o jeito certo de jogar remédio fora?

Medicamentos descartados de forma incorreta podem afetar o meio ambiente e a saúde humana

Foto: Freepik

A administração de medicamentos está diretamente relacionada aos cuidados com a saúde. Mas, o que você faz com os medicamentos vencidos? De que maneira você se desfaz dos remédios que não usa mais? Entenda por que o lixo não é uma boa opção. 

O descarte incorreto desses produtos pode levar à contaminação da água, do solo, afetar a vida selvagem e representar riscos à saúde humana. O descarte correto de medicamentos é uma questão de preocupação mundial, motivada pelo aumento da população e de sua expectativa de vida.

Meio ambiente

Os danos ao meio ambiente referem-se, em grande escala, à possibilidade de contaminação de mananciais hídricos ou subterrâneos (rios, lagos, represas ou aquíferos). O descarte inadequado é normalmente efetuado em ambiente domiciliar, em pias, vasos sanitários ou no lixo comum, de modo a atingir a rede de esgotamento sanitário ou os aquíferos, através da disposição em aterros sanitários. 

“Os sistemas de tratamento nas estações de tratamento convencionais - sejam de águas ou de esgotos - não conseguem eliminar os compostos químicos presentes nos medicamentos em função da resistência de suas características químicas; eles podem, assim, ser incorporados a outros corpos d’água e, consequentemente, ser introduzidos na biota, originando processos de bioacumulação associada à sua baixa biodegradabilidade”, explica o prof. José Guilherme Franchi, do Instituto de Ciências Ambientais, Química e Farmacêuticas, da Universidade Federal de São Paulo (ICAQF/Unifesp), Campus Diadema.

Saúde humana

Grande parte dos compostos químicos presentes nos medicamentos são caracterizados como persistentes no ambiente, portanto, “não biodegradáveis”.

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Para piorar a situação, eles são conhecidos como poluentes emergentes, ou seja, aqueles que ainda não estão incorporados nas listagens de compostos monitorados pelas legislações, mas que têm potencial de representar ameaças ao meio ambiente ou à saúde humana e animal.

A ciência vem caminhando no sentido de estabelecer limiares toleráveis de concentração dessas substâncias nas matrizes ambientais que não causem esses efeitos adversos à saúde de seres vivos. “Dentre os principais compostos já diagnosticados em mananciais de água doce, têm-se os antibióticos, muito por conta da resistência bacteriana a que eles podem dar origem; os estrogênios, que podem interferir no sistema reprodutivo dos organismos aquáticos e os agentes antineoplásicos e imunossupressores, que são capazes de provocar efeitos mutagênicos em diversas espécies”, afirma o prof. José Guilherme Franchi.

Anti-inflamatórios, anti-hipertensivos, analgésicos, antipiréticos, bisfenol, cafeína, hormônios (estradiol) representam outra gama de medicamentos bastante encontrados nestes corpos d’água; estes últimos podem ter ação como disruptores endócrinos, capazes de bloquear ações hormonais ou alterar os níveis de hormônios naturais e dar origem a tumores de mama, ovários, útero e próstata, ou, ainda, à efeminação de peixes.

Responsabilidade de todos

O descarte adequado de medicamentos é uma responsabilidade compartilhada, definida na legislação federal de gestão de resíduos sólidos (Lei 12.305/2010) e deve englobar todos os participantes do ciclo de vida dos produtos: fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, consumidores e os titulares de serviços de limpeza urbana. 

A responsabilidade é, portanto, uma obrigação legal e todos nós devemos trabalhar para torná-la realidade, promovendo o descarte correto destes resíduos perigosos. “Apenas as obrigações estipuladas em lei não são suficientes para coibir o descarte indevido. Por isso, é essencial fornecer esclarecimentos e conscientização da população acerca dos potenciais impactos ambientais decorrentes desta prática. A realização de campanhas de arrecadação de medicamentos vencidos ou mecanismos de incentivo econômico, como programas de benefícios para incentivar os consumidores a levar esses resíduos até os pontos de coleta são bem-vindos”, completa o professor da Unifesp.

Logística reversa

O Decreto 10.388/2020 institui o sistema de logística reversa de medicamentos domiciliares vencidos ou em desuso, de uso humano, industrializados e manipulados, bem como de suas embalagens, após o descarte pelos consumidores.

Segundo este decreto, os consumidores devem levar estes resíduos, gerados em seus domicílios, até um ponto de armazenamento primário, normalmente farmácias e drogarias, que se incumbirão de encaminhá-los a outras instâncias, prevendo-se, ao término do processo, sua incineração, co-processamento em fornos de cimento, ou disposição em aterro sanitário classe destinado a resíduos perigosos.

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Pontos de coleta pelo Brasil

A preocupação com o descarte correto dos medicamentos é o que impulsiona a campanha “Remédio: não usou, descartou”, uma iniciativa promovida pelo Grupo Mulheres do Brasil e pelo Ciência na Saúde, organizações lideradas por Luiza Trajano, fundadora do Magazine Luiza.

Segundo a campanha, existem mais de 4 mil estabelecimentos espalhados por todo o Brasil que funcionam como pontos de coleta para descartar medicamentos, como farmácias ou drogarias.

Para encontrar o posto mais próximo de você, basta acessar o site da LogMed. O processo de deixar os medicamentos nos pontos de coleta é completamente gratuito.

 

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