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Série Especial: Dois pesos e duas medidas

Vamos entender a origem da expressão “dois pesos e duas medidas”

A grande regra de interpretação dos textos bíblicos é: a Escritura explica melhor a Escritura. Para entender qualquer texto bíblico é salutar perceber como ele se relaciona com outras passagens da própria Bíblia.

O significado de Pr 20,10: “Dois pesos e duas medidas, as duas coisas são horror para o Senhor”, aparece quando o relacionamos com outros textos bíblicos.

Leia Pr 11,1: “O Senhor detesta as balanças falsas e gosta dos pesos exatos”. Em Lv 19,35-36: “Não dareis sentenças injustas nem cometereis injustiças em pesos e medidas. Tende balança, pesos e medidas exatos”. Também em Pr 20,23: “O Senhor detesta pesos desiguais, não é justa a balança com fraude”.

Mas a principal explicação vem em Dt 25, 13-15: “Não terás em tua bolsa dois tipos de peso: um pesado e outro leve. Não terás em tua casa dois tipos de medida: uma grande e outra pequena. Terás um peso íntegro e justo, medida íntegra e justa”.

Sabemos que na antiguidade ainda não existia um método definitivo que padronizasse os pesos. Assim, cada pesagem e medida era feita de forma desigual, instituindo um roubo generalizado. No âmbito jurídico, o ditado “dois pesos e duas medidas” não deve ser aplicado. Teoricamente, todos os cidadãos devem ser tratados da mesma forma perante a justiça.

A expressão se refere a dois pesos e dois metros, artimanhas de comerciante desonesto. E denuncia, como se sabe, uma injustiça e uma desonestidade – o julgamento de atos semelhantes segundo critérios diversos, conforme seus autores sejam mais ou menos simpáticos a quem julga. 


Rodrigo Dutra é professor de Sagrada Escritura (Antigo Testamento) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e da Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (ESTEF).

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