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Série especial: “A boca fala do que o coração está cheio”

Entenda o provérbio “A boca fala do que o coração está cheio”

Muitos ditos populares que fazem parte de nossa cultura e, certamente, influenciam o nosso mundo imaginário servem como metáforas que nos comunicam mensagens presentes em suas entrelinhas.

É interessante observar que muitos desses ditados existem em culturas e línguas bem distantes do contexto brasileiro. Para dar uma prova disso, fizemos uma pesquisa entre um grupo de estudantes oriundos dos cinco continentes.

Entre eles , estão coreanos, africanos, europeus e latino-americanos. Observamos que, em todas essas culturas, existe o provérbio “A boca fala do que o coração está cheio” (Mt 12,34), com uma tradução literal quase sem nenhuma modificação.

Se analisarmos o texto em grego que dá origem a este provérbio, podemos propor também uma tradução mais literal: “De fato, daquilo que abunda no coração, a boca fala”. Ao pensar de maneira mais racional, poderíamos nos questionar, antes de tudo, sobre qual seria a ligação entre o coração e a boca. 

Sabemos que para um bom funcionamento do corpo, em geral, é necessário que o cérebro esteja saudável, porque é dele que os diversos órgãos e membros do corpo recebem, as coordenadas para que desempenhem a sua específica função. Sendo assim, concretamente o coração não tem nenhuma influência sobre aquilo que seria a função da boca, justo? 

Sabemos que os possíveis autores e a origem deste escrito vem daqueles da comunidade que escreveu o Evangelho segundo Mateus. Essa comunidade de cristãos era formada, em sua grande maioria, de judeus que se converteram ao Cristianismo. Assim, torna-se igualmente importante a informação de que, para a cultura judaica, o coração não representa o lugar dos sentimentos, mas do discernimento, do conhecimento. O termo “coração” é usado para referir-se ao centro das coisas (Dt 4,11; Jo 2,3; Mt 12,40); a raiz da palavra hebraica, que é obscura, pode significar centro.

A partir deste breve esclarecimento podemos entender que este provérbio nos ajuda a perceber não somente os sentimentos que movem nossas entranhas, mas as informações e conteúdos com os quais alimentamos a nossa mente, termo moderno mais próximo do uso bíblico de “coração”.

Serão os pensamentos que permeiam a nossa mente que, mais cedo ou mais tarde, influenciarão nossas palavras, nossas ações, nosso modo de ser e estar no mundo.

É necessário iluminar a nossa mente; e para um cristão a fonte dessa luz é a vida do Cristo que se encarnou, viveu, morreu e ressuscitou para nos revelar quais os pensamentos devem influenciar a nossa vida, de modo que esta possa ser transformada, tornando-se também um agente de transformação, por meio de uma força que a tudo supera: o amor!


Irmã Mery Elizabeth de Sousa, fsp, é bacharel em Teologia com especialização em Comunicação teórico-prático e mestranda em Exegese Bíblica no Instituto Bíblico de Roma.

 

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