A expressão “A cada dia basta o seu mal” é uma frase do Novo Testamento encontrada em Mateus, capítulo 6, versículo 34. O que é o mal? Neste caso, o mal é o mesmo que aflição, já que na vida existem situações incômodas, e que causam sofrimento.

Na vida, por mais que alguém seja cuidadoso, há sempre a ocorrência da mistura do inesperado com o indesejado: desemprego, doença, queda, mentira, tristeza, morte, violência, medo, opressão, empobrecimento e outros. 

A mistura do inesperado com o indesejado provoca aflições. As aflições são inegáveis, porque se manifestam na vida, já que as pessoas, além de sofrerem as consequências da aflição na própria vida, veem as consequências da aflição na vida de outras pessoas. 

Por que “a cada dia basta o seu mal”? Porque o dia de ontem, passou; e o dia de amanhã, não aconteceu. O hoje é o espaço de tempo que se tem. 

De fato, o hoje é o espaço de tempo que se tem para enfrentar as tribulações, as dificuldades, as perseguições e os problemas que pertencem ao dia de hoje, e não ao dia de ontem, e muito menos ao dia de amanhã. 

Como ensinado no Sermão da Montanha, a confiança no auxílio divino faz a seguidora e o seguidor de Jesus viver um dia de cada vez, por isso Jesus exorta, em Mateus, capítulo 6, versículo 34, “não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã se preocupará consigo mesmo. A cada dia basta o seu mal”. 

Quando Jesus afirma que “a cada dia basta o seu mal”, é para que se entenda que é preciso viver um dia de cada vez, ou seja, uma aflição de cada vez, uma adversidade de cada vez, uma tribulação de cada vez, posto que a confiança no auxílio divino ajuda a diminuir (ou resolver) a sobrecarga com as preocupações futuras. 

As pessoas seguidoras de Jesus são encorajadas pela Boa Notícia a focar no presente e a enfrentarem, movidas pela confiança na providência divina, os desafios de cada dia, à medida que surgem, sem se afligir desnecessariamente com o futuro, pois “a cada dia basta o seu mal”.

José Fabrício Rodrigues dos Santos Cabral é doutor em Ciências da Religião. Atualmente é professor e pesquisador da Universidade Católica de Pernambuco.