Nesse artigo faremos uma aplicação pastoral desta expressão. Há tantas outras formas de interpretar esta frase, mas aqui o contexto é cristão.
Quantas vezes você já deve ter ouvido esta expressão e talvez nem saiba que ela está diretamente relacionada com o oitavo mandamento da lei de Deus no livro do Êxodo: “Não responderás contra o teu próximo como testemunha mentirosa.” (Ex 20,16). Este imperativo continua atual, é uma exortação dirigida ao cristão de todos os tempos e regula uma vida pautada na verdade.
Este mandamento nasceu dentro de um contexto de vida nômade, as pessoas precisavam de normas de convivência para evitar agressões de todos os tipos. Visto que naquele período todos os crimes envolviam penas capitais.
Considerando os dez mandamentos como imperativos morais que expressam a vontade de Deus, podemos dizer que, de certa forma, eles regem a vida moral do cristão. Não é lícito a ninguém acusar o irmão ou a irmã de um crime sendo que nem ele ou ela o tenha cometido.
O falso testemunho leva a uma morte antes da morte. Porque a dor moral pode ser mais letal que a física. Uma dor física pode ser curada com medicamentos. Já a dor moral é quase impossível sanar. Um inocente pode chegar a pagar por um crime que não cometeu, enquanto o verdadeiro culpado fica à solta.
A esse respeito, encontramos alguns relatos no Antigo Testamento, vamos citar aqui o caso de Nabot, que foi apedrejado até a morte por causa de falso testemunho arranjado por Jezabel esposa de Acab. “Fazei vir à sua presença dois homens malvados que o acusem dizendo: ‘Tu blasfemaste contra Deus e contra o rei!’ Levai-o, depois, para fora da cidade e apedrejai-o até ele morrer.” (1Rs 21,10). Este é um caso de falso testemunho que condenou um inocente à morte. Pelo simples fato de Nabot não vender sua vinha ao rei, porque era herança de seus pais.
Para o cristão isso é inconcebível, pois faz parte da ética cristã viver e dizer a verdade na caridade. Não se corromper, nem tão pouco deixar-se dominar pela inveja e poder. Portanto, o cristão deve ter uma vida reta, não acusando as pessoas injustamente, nem tão pouco suscitando suspeita da conduta de outrem, pois isso tem consequências gravíssimas.
Para o cristão de hoje, isto serve de alerta no que se refere às redes sociais. As fake news podem causar grande estrago na vida de uma pessoa. Embora seja um mandamento que diz respeito aos cristãos, ele vai além do ambiente religioso. Eu diria que é para todos, pois esse mandamento é um convite ao respeito e a dignidade do outro. Mesmo quem não crê em Deus não tem o direito de difamar alguém. É uma regra básica para uma convivência humana sadia.
Maria Eliene Pereira de Oliveira é irmã Paulina, mestranda em Teologia Sistemática pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), bolsista FAPEMIG.