Imagem: Arquivo Paulinas
O tema do presente artigo, tem como fonte originária um dos livros mais conhecidos da Bíblia, o livro dos Salmos. A palavra “Salmo”, de origem hebraica tᵉhillâ ou Tehillim significa “canto de louvor”. Analisando também sua raiz grega, encontramos o termo: "psalmos", que se refere a "uma canção acompanhada por harpa" que, por sua vez, deriva do verbo "psallō" (“tocar instrumentos de cordas”). Assim, em sua essência, um salmo é um canto ou hino, frequentemente associado a instrumentos musicais, criados e utilizados para adorar e glorificar a Deus.
Segundo alguns estudiosos, o Sl 145 se apresenta como um característico canto de louvor a Deus e faz parte do grupo dos Salmos atribuídos ao rei Davi. Este Salmo é considerado, particularmente, importante e recebe uma considerável estima por expressar amplamente o reconhecimento da grandeza de Deus.
Os textos traduzidos dos Salmos, infelizmente, nem sempre preservam integralmente sua estrutura literária original. Um exemplo concreto é, justamente, o Salmo 145, que se divide em pequenos blocos que alternam declarações de louvor a Deus e de reconhecimento das diversas atribuições feitas a Ele. Outro elemento que merece ser observado é o frequente uso dos termos “todos/todas” que se repetem dezesseis vezes, sublinhando deste modo a grande dimensão do louvor que se deseja expressar ao Senhor.
O Senhor é louvado por suas palavras e atos, Ele é louvado a cada dia por toda eternidade, de uma geração a outra, por todas as suas obras e por todos os seus fiéis. Essa repetição, que se assemelha a um “mantra” alcança o seu ponto culminante com o último versículo: “… que toda carne bendiga seu santo nome, para sempre e eternamente”.
Devido a este elevado valor teológico, sobretudo porque celebra Deus criador, providente e que se faz presente em todo o mundo, se tornou um dos Salmos mais populares na liturgia sinagogal, onde é recitado três vezes por dia. Tamanha é sua importância que sobre ele assim se declara: “Quem repete a tᵉhillâ de David três vezes por dia pode ter a certeza de que será um filho do mundo que há-de vir”.
As informações destacadas sobre o intero texto do Salmo 145 servem para uma compreensão mais profunda do v.14, o qual inspira o ditado popular: “O cair é do homem, o levantar é de Deus”. Em modo particular, quando concentramos a atenção ao conjunto de versículos 14-20 é possível perceber que estes descrevem as ações de Deus em favor da humanidade, Deus vem descrito como Aquele que: cuida daqueles que estão prestes a cair, ajuda aqueles que já estão abatidos, oferecendo-lhes a mão (v. 14). Ele dá comida aos famintos (v. 15), satisfaz os necessitados (v. 16). Em todos os seus negócios, ele é justo e fiel (v. 17).
Sem dúvida, é surpreendente a afirmação que revela a identidade de um Deus compassivo, que não é indiferente às fragilidades humanas, mas age ativamente para restaurar os que se prostram diante das adversidades da vida. A repetição de Seus atributos reforça a ideia de um cuidado divino abrangente, convidando os fiéis a confiarem Nele como fonte de renovada esperança.
Irmã Mery Elizabeth de Sousa, fsp, é bacharel em Teologia com especialização em Comunicação teórico-prático e mestranda em Exegese Bíblica no Instituto Bíblico de Roma.