Artigos
Artigos

Série especial: “Porque tu és pó e ao pó voltarás”

Entenda o que diz a Bíblia sobre “Porque tu és pó e ao pó voltarás”

Sua origem vem do Livro do Gênesis (Cf. Gn 3,19), onde lê-se: “Comerás o pão com o suor de tua face até voltares ao solo. Pois dele foste tirado, porque tu és pó e ao pó voltarás!”.

Neste contexto, quer dizer que Deus pode tirar o sopro de vida que ele mesmo insuflou no primeiro vivente, no momento da criação, e isto se dá como consequência do pecado. 

Mas pode-se alargar os horizontes e ver essa expressão também como um alerta para que o ser humano jamais esqueça sua origem e mantenha na mente e no coração a certeza da brevidade da vida terrena, que a qualquer momento pode retornar ao seu estado primeiro, isto é, um ser criado com finitude. 

Todavia, este versículo nos remete ao capítulo anterior do Livro do Gênesis, exatamente 2,7, quando Deus forma Adão, que significa humanidade, como um ser precioso, com predileção diante dos demais seres criados.

Ele o faz modelando-o com a argila do solo, e após Deus insuflar em suas narinas o sopro da vida, se torna um ser vivente, dotado de vida puramente natural, portanto, um ser limitado, sujeito à fragilidade, passível de erro e com a possibilidade de pecar. 

Mas, o cristianismo nos ensina que retornar ao pó não é o fim, pois somente retornando ao pó é possível a total redenção que nos foi dada pelo segundo Adão, que é Jesus Cristo.

A esse respeito em 1Cor 15,45-49, Paulo faz um paralelo entre o primeiro e o segundo Adão. O primeiro Adão tem a imagem do homem terrestre, dotado de uma vida natural, portanto sujeito a corrupção, enquanto o segundo Adão que é Jesus Cristo, é um espírito que vivifica. Nele todo aquele que crê é vivificado pela força do Espírito de Deus, que nele habita e que vivifica todo vivente, dando assim uma vida espiritual ao que era puramente natural. 

Neste sentido, dizer “Porque tu és pó e ao pó voltarás” não significa o fim último do ser humano, pois o novo Adão, aquele que é a vida em plenitude, dá esperança a todo vivente que espera em Cristo.  

É que no ser humano terrestre está também a imagem do ser humano celeste que é Cristo Jesus. 

Para os cristãos católicos significa também um convite à penitência, à humildade e a uma vida pautada pelos valores do Evangelho.

Como se experiencia todos os anos na Quarta-Feira de Cinzas quando, em algumas comunidades, o presbítero e seus ministros fazem o sinal da cruz com cinza nos fiéis e diz: “lembra-te que és pó e ao pó voltarás”. 

 

Irmã Maria Eliene Pereira de Oliveira, fsp, é licenciada em Filosofia pela Puc Paraná; Bacharel em Teologia pela Puc Minas; com especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional; Mestranda em Teologia Sistemática na FAJE(Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia). 

 

Para ler outros capítulos desta série, clique aqui

Site Desenvolvido por
Agência UWEBS Criação de Sites