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Te buscam os aflitos, Senhor

Foto: Pexels
 
Te buscam pelas igrejas e templos, 
com resquícios de arte gótica e barroca, 
povoados de imagens frias e mudas, 
mas eles, em suas paredes enfeitadas 
parecem não raro desertos e indiferentes... 
 
Te buscam ao ar livre dos campos 
ou nas asas brejeiras e buliçosas do vento; 
mas os ruídos múltiplos da existência, 
cobrem a voz leve e suave de qualquer brisa 
que pelas folhas, flores e frutos dispensa carícias... 
 
Te buscam no turbilhão das ruas e praças 
das pequenas, médias e grandes cidades, 
onde se cruzam e recruzam rios de gente; 
mas tropeçam nas multidões trôpegas, 
com olhar fugitivo, solitário e apressado... 
 
Te buscam no quarto, a sós consigo mesmos, 
mas desta vez são os ruídos internos, 
feitos de medos, dúvidas e interrogações, 
que dispersam o sopro de tua passagem, 
deixando o vazio sem sentido de uma ausência... 
 
Te buscam na prece ou nos cultos comunitários, 
bem como nas celebrações eucarísticas; 
mas tais práticas, às vezes demasiado pomposas, 
outras vezes demasiado estéreis e banalizadas, 
deixam na alma um sabor de artificialidade... 
 
Te buscam na grandeza do universo e dos astros, 
mas a violência com que a terra vem sendo agredida 
torna-a igualmente violenta em catástrofes extremas, 
impedindo de ver no conjunto de tua obra 
a fonte eterna da luz e do calor, da vida e do amor. 
 
Te buscam no pobre caído à beira da estrada, 
mas as mágoas, feridas e cicatrizes que ele carrega 
por vezes o tornam tão rude e orgulhoso, 
 quanto a fome que lhe mora na face desfigurada; 
porém, é através desse rosto e desse olhar 
que podemos chegar a contemplar tua face luminosa. 
 
Pe. Alfredo J. Gonçalves, cs 

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