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Naquela primeira conversa, falei um pouquinho sobre o valor do silêncio.Vivemos no deserto barulhento das cidades, onde cada um vive no seu mundinho com os olhos fixos em uma telinha e os ouvidos blindados com fones com total isolamento feitos propositalmente para não ouvir ninguém! Só eu e o meu barulho, ok? Vivemos em um mundo que tem cada vez mais dificuldade de colocar o smartphone para dormir.
O que você faz com a sua solidão?
Uma pergunta: O que você faz com os seus momentos de solidão? Com o que ou com quem você preenche o seu silêncio? Esta pergunta é importante para compreender o nosso caminho de crescimento na vida segundo o Espírito.
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Porque o silêncio é o ambiente fecundo que nos possibilita crescer na vida espiritual. Porque é no silêncio que escutamos a Palavra de Deus, é no silêncio que verificamos a nossa vida concreta à luz da Palavra, é no silêncio que acolhemos Jesus Eucarístico nos nossos corações.
É no silêncio que preenchemos a nossa existência de conteúdos profundos e assim nos tornamos pessoas mais profundas, que sabem ler os acontecimentos da vida com os olhos de Deus.
Para isso, podemos recorrer a alguns meios. Seguem então algumas dicas.
Um filme muito silencioso:
Vou avisando, precisa ter coragem e muita paciência… O filme se chama “O grande silêncio” (Into Great Silence), do persistente diretor Philip Gröning. O filme foi gravado em um grande e famoso mosteiro cartuxo na França. Silêncio, você não ouvir nada além de passos, barulhos de portas, de pássaros, o som da oração… você não ouvir nada além do silêncio de quem vive em intimidade profunda com Deus e na escuta contínua da Palavra.
O silêncio será interrompido no final do filme quando um dos monges, privado totalmente da visão, um homem que se tornou silêncio, diz algumas poucas e profundas palavras sobre Deus, sobre o sentido da vida e o sentido da morte. Aviso aos corajosos e corajosas: o filme tem aproximadamente 2 horas e 42 minutos, de profundo e fecundo silêncio.
A oração do nome de Jesus:
A Oração de Jesus ou Oração do coração tem suas raízes no cristianismo oriental, mas é muito praticada no Ocidente. É um modo de orar inspirado no Evangelho, na oração do coletor de impostos no templo, que nem sequer atrevia a levantar os olhos para o céu e batia no peito rezando: “Deus, tem piedade de mim, que sou pecador”.
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Preste atenção ao ritmo do seu respiro, sinta o ar que entra e sai e, seguindo este ritmo, procure repetir no silêncio do seu coração a mesma oração do publicano.
Inspirando, diga: Senhor Jesus Cristo. Expirando: Tem piedade de mim (pecador/pecadora).
Ou você pode somente repetir o nome de Jesus em silêncio. O nome de Jesus acaba se tornando um doce murmúrio, que lentamente cobre todos os outros ruídos do coração. Rezar é respirar no mesmo ritmo de Deus.
O bom e velho amigo livro:
Relatos de um peregrino russo. É uma leitura fascinante, tenho certeza de que você não vai conseguir largar o livro antes de conhecer a última página e descobrir como alguém pode rezar sempre, sem cessar, como nos convida o apóstolo Paulo (Cf. 1Ts 5,17).
Em outras palavras, este livro conta a história de um simples homem que se apaixonou pelo silêncio e pela oração e quis preencher todos os espaços da sua vida com o nome de Jesus. Um homem que se tornou silêncio e descobriu o QUEM da sua existência.
Obrigada pela companhia. Vou me despedindo, na esperança de um próximo encontro…
