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Três milagres da esperança 

Foto: Europeana-Unsplash

“Chama viva de eterna esperança! Este canto suba para Ti”! Este é o anseio elevado a Deus no vibrante hino do Jubileu da Esperança que, neste ano, é entoado em todas as línguas da terra onde a Igreja se encontra em comunidade. 

Os evangelhos transbordam de gente de todas as condições que corre a Jesus com brados vibrantes ou silenciosos de esperança. O Mestre escuta, porque seu coração de irmão sintoniza com as aflições e emergências e se comove com a fé das pessoas necessitadas. 

Inúmeras mulheres creram em Jesus, e nele renovaram a esperança que os profetas haviam infundido no povo de Deus. Nem todas elas, claro, tiveram nas narrativas a mesma visibilidade dada aos discípulos, mas os evangelistas reconhecem que muitas despertaram admiração e elogios do Senhor. Três dessas filhas e mães da fé e da esperança fizeram jus aos sinais do Reino de Deus que Jesus realizava. 

A esperança exaltada

O evangelista Lucas conta no capítulo 13, 10-17, que Jesus viu durante a oração na sinagoga, uma mulher encurvada incapaz de ficar reta, pelo que todos pensavam que um espírito do mal a mantinha amarrada. Com tanta humilhação e dor, já por 18 anos, ela ainda persistia em vir à sinagoga, porque guardava na alma uma certeza: pertencia ao Povo de Deus, era herdeira da esperança no Messias e tinha direito de estar presente na assembleia de oração. 

Foto: Art Institute Of Chicago-Unsplash

Assim que Jesus lhe impôs as mãos, ela levantou-se, olhou para os rostos que não via há tantos anos e glorificou a Deus. O chefe da sinagoga desprezou o milagre e a felicidade da mulher e voltou a humilhá-la com a advertência de que violara o Sábado e nem deveria estar ali. 

Jesus, lendo o coração dela, a exaltou pela esperança que por toda a vida a mantivera firme, mesmo que seu olhar só alcançasse os pés dos outros: “Esta Filha de Abraão devia ser liberta justamente no Sábado!”. E todos prorromperam em coro, cantando o louvor que ela acabava de entoar a Deus.

A esperança realizada

Deus é Senhor da vida, e Jesus nunca hesitou em confiar na mão do Pai quando devia despertar uma pessoa que morrera, para atender à esperança suplicante de alguém. Mateus conta que um pai, chefe da sinagoga, e bem diferente de seu colega que havia desprezado a mulher doente, procurou Jesus às pressas e desabafou a angústia confiante: “Minha filhinha acaba de morrer, mas vem, põe tua mão sobre ela e viverá!” E Jesus foi com ele (Mt 5, 18-19).

Lá, encontrou alvoroço e zombaria de gente que o achava pretensioso ao extremo por querer salvar uma criança morta. Ele fez todos os incrédulos saírem, depois aproximou-se da garota e a tomou pela mão. No mesmo instante, a vida lhe foi desperta e ela se levantou sob o suave impulso da mão do Senhor. O fato logo virou notícia espalhada aos quatro ventos por toda aquela região. Uma menina voltara à vida para realizar em sua descendência, a esperança de Israel (cf. Mt 5, 23-26). 

A esperança comovente 

A terceira mulher da esperança aparece em Marcos (7, 24-39). É uma grega siro-fenícia que não conhecia a esperança de Israel, mas tinha a fé pura e forte vinda de Deus, a fé que ativou nela a esperança de ser atendida por Jesus. Ela foi vê-lo, mesmo sabendo que naquele dia ele não receberia ninguém, prostrou-se em terra e implorou que expulsasse o demônio de sua filha, que nem sequer estava presente. Será que ela pretendia levar Jesus até sua casa? É preciso lembrar que os povos antigos entendiam por demônios, as doenças cujo motivo desconheciam. 

Foto: Neon-Unsplash

Jesus, cansado e decidido a ter um tempinho de tranquilidade, resistiu à ideia de atender uma pessoa de fora de Israel. Foi até pouco gentil com a arrojada mãe, ao comparar a criança enferma com um filhotinho de cachorro que não merecia atenção. Mas ela, talvez habituada ao pouco caso de todos, relevou o desprezo e insistiu, pois, apesar da decepção, confiava no famoso mestre de Israel.

A mulher, perspicaz e resoluta, extraiu da brincadeira desastrada dele o argumento para sensibilizá-lo: aceitou passar por uma mãe canina agoniada por salvar a cria e respondeu: “Os cãezinhos têm direito às migalhas de pão das crianças”. Com tamanha humildade e esperança, Jesus se comoveu. Não apenas curou a menina à distância, como reverenciou aquela estrangeira com o maior elogio: “Por esta palavra, vai! O demônio saiu de tua filha”. De alguma forma, atribuiu a cura da menina não apenas ao poder de Deus que estava nele, mas também à fé e à esperança que ouviu dos lábios dela.  

Foto: The Cleveland Museum Of Art-Unsplash

O papa Francisco foi celebrar a Páscoa no Paraíso. Deus já realizou todas as esperanças que ele teve na vida. E uma das maiores foi ver as mulheres com maior espaço de ação na Igreja e no mundo. Que lá ele interceda por nós que ainda peregrinamos na terra.

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