Reconhecer
O reconhecimento diz respeito antes de tudo aos efeitos que os acontecimentos da minha vida, as pessoas com as quais me encontro, as palavras que ouço ou que leio produzem na minha interioridade: uma variedade de “desejos, sentimentos, emoções” (Amoris laetitia, 143) de natureza muito diferente: tristeza, obscuridade, plenitude, medo, alegria, paz, sensação de vazio, ternura, raiva, esperança, tibieza, etc.
Sinto-me atraído ou impelido numa pluralidade de direções, sem que nenhuma delas me pareça como aquela que claramente devo tomar; é o momento dos altos e baixos, e em certos casos de uma autêntica luta interior.
Reconhecer requer que se traga à tona esta riqueza emocional e que se mencionem estas paixões, mas sem as julgar. Exige também que se sinta o “gosto” que elas deixam, ou seja, a consonância ou dissonância entre o que eu experimento e aquilo que existe de mais profundo em mim.
Foto: Juliene Barros
Nesta fase, a Palavra de Deus reveste uma grande importância. Com efeito, meditá-la põe em movimento as paixões, assim como todas as experiências de contato com a própria interioridade, mas ao mesmo tempo oferece uma possibilidade de as fazer sobressair, identificando-se nas vicissitudes que ela narra.
A fase do reconhecimento coloca no centro a capacidade de escuta e a afetividade da pessoa, sem se subtrair por medo ao cansaço do silêncio.
Trata-se de uma passagem fundamental no percurso de amadurecimento pessoal, de maneira particular para os jovens que experimentam com maior intensidade o vigor dos desejos e podem sentir-se também assustados diante deles, talvez renunciando aos grandes passos para os quais, contudo, se sentem impelidos.
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FONTE: Os jovens, a fé e o discernimento vocacional - Documento preparatório ao Sínodo dos Bispos 2018 - XV Assembleia Geral Ordinária.