Serviço de Animação Bíblica (SAB)

Três visões fundamentais da Carta aos Romanos - Dicas Bíblicas / Fevereiro 2025

Foto: Freepik

Caros irmãos e irmãs, continuamos nossa caminhada neste ano santo, ano jubilar, tendo como tema central a “esperança”. Neste mês de fevereiro, o Vaticano programou três eventos: o Jubileu das Forças Armadas, da Polícia e Segurança (8-9); o dos Artistas (16-18) e o dos Diáconos (21-23). São pessoas destinadas a áreas diferentes, mas todos e todas estão a serviço do bem comum.

Na liturgia dos domingos, após a festa da Apresentação de Jesus no Templo (Lc 2,22-40), estamos sendo conduzidos(as) pelo evangelista Lucas, que relata o chamado dos primeiros apóstolos (5,1-11), as bem-aventuranças (6,17.20-26), que se diferenciam do texto mateano, e as exigências éticas descritas por Jesus para as pessoas que o seguem (6,27-38). 

Desbravando a Carta aos Romanos

Nessa trajetória espiritual, propomos trilhar os caminhos da Carta aos Romanos (Rm), tema escolhido para o Mês da Bíblia de 2025, já nos preparando para esse momento importante da Igreja, celebrado em setembro. Nessas Dicas Bíblicas, propomos uma visão panorâmica da Carta aos Romanos.

Ela faz parte da tradição paulina, mas, devido à sua teologia e ao estilo diferente das cartas autênticas de Paulo, provavelmente não foi escrita por ele, mas por alguém muito próximo a ele, um discípulo ou um membro importante da comunidade de Roma. Essa hipótese não encontra consenso entre os estudiosos, por isso apresentaremos duas datações da Carta.

A primeira é oferecida por aqueles biblistas que concordam com a autoria de Paulo, afirmando que foi redigida em Corinto, com uma datação entre 55 e 58 d.C. Aqueles que duvidam da autenticidade da autoria paulina datam-na antes da morte de Paulo (62-63 d.C.), possivelmente entre 56 e 60 d.C., ou logo após sua morte, entre 62 e 65 d.C.

Por encontrar afinidade com a problemática desse período, pela linguagem e proximidade com a teologia paulina, mas se diferenciando das cartas deuteropaulinas (2Ts, Cl e Ef).

Essa missiva é destinada aos romanos (Rm 1,7), mas não há muitas informações sobre quando o movimento de Jesus chegou a Roma, ou sobre se essa Igreja foi fundada por um de seus apóstolos. A datação mais antiga da presença de comunidades cristãs em Roma, ou de adeptos de Jesus Cristo, seria na década de 40. 

O que está por trás das palavras?

Outra dificuldade que encontramos é determinar sua finalidade, já que não é explícita na carta e não há nenhum elemento histórico que ajude a oferecer uma hipótese.

Na carta, apenas é explícito o desejo de Paulo de ir a Jerusalém para levar o resultado da coleta aos pobres (Rm 15,25-26) e depois passar por Roma, com a meta de chegar à Espanha.

Portanto, a única finalidade seria pedir ajuda para que os romanos facilitassem essa viagem missionária, talvez com apoio econômico e indicando pessoas que poderiam contribuir com a missão.

Esse objetivo legitima a autoria paulina, mas ninguém escreveria a maior carta da Antiguidade, com uma densidade teológica como a presente em Rm, apenas para pedir hospedagem ou ajuda para uma viagem missionária.

Podemos deduzir um objetivo ao perceber, nas entrelinhas, uma dificuldade de relacionamento na comunidade, entre os de origem judaica e os de origem gentílica, e talvez a necessidade dos primeiros acolherem os gentios.

A Carta em Foco: desvendando sua estrutura e seus temas teológicos 

O texto segue o esquema clássico de uma carta, com o cabeçalho (1,1-17); o corpo epistolar, no qual é desenvolvido o conteúdo em quatro partes: A) a revelação da ira e da justiça divina (1,18–4,25); B) a salvação de Deus para todas as pessoas justificadas pela fé (5,1–8,39); C) o lugar de Israel no plano de Deus (9,1–11,36); D) a exortação à situação de Roma (12,1–15,13); e a conclusão com a saudação final (15,14–16,27).

É possível detectar três principais temas teológicos. O primeiro é o soteriológico, ou seja, a questão da redenção gratuita concedida por meio de Jesus Cristo, que o autor chama de “justificação pela fé” (1,18–8,39).

O segundo pode ser definido como o papel de Israel no plano de Deus e a dificuldade em reconhecer Jesus como Messias, apesar de o autor manter a esperança de que Israel se converterá e aderirá a Cristo (9,1–11,36). O terceiro tema refere-se às consequências práticas da redenção no agir cristão (12–15), que seria a parte exortativa da carta.

Nos outros meses, aprofundaremos algumas temáticas deste livro, considerando aspectos da liturgia, períodos importantes para nossa caminhada espiritual e também eventos de nossa vida eclesial, de forma especial o Jubileu da Esperança.

Pausa para reflexão

Você já leu a Carta aos Romanos? Que aspectos você destacaria?
Como você deseja viver este ano jubilar da esperança?

Para aprofundar sobre a esperança na Bíblia, tema do ano Jubilar, sugerimos o livro:
A esperança na Sagrada Escritura: meditações e encontros, de Zuleica Aparecida Silvano, Editora Paulinas.

 

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