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O olhar que se deixa clarear pela fé vê, sempre, a novidade da Palavra de Deus! Isso acontece quando se lê a Carta aos Romanos, escolhida para o estudo do Mês da Bíblia deste ano.
A esperança tudo renova
A face que brilha no texto de Romanos 5,12-21 é a de Jesus Cristo, Filho de Deus, o Novo Adão, que ao se fazer ser humano e nos redimir com sua morte e ressurreição, fez renascer o sonho do Pai de santidade para toda a humanidade desde a criação. Por isso, a fé nos impulsiona a uma expectativa sempre nova.
A esperança é ativa e conduz para a meta certa, como vemos nas peregrinações do Ano Jubilar, que seguem em movimento em todas as dioceses do mundo e mais ainda, em Roma, onde nos dias 28 de julho a 03 de agosto, passarão pela Porta Santa da Basílica de São Pedro dois grupos jubilares muito especiais: os jovens e os missionários digitais. Naturalmente, o anúncio do Evangelho com novos meios e linguagens digitais é tarefa da juventude, face nova e perene da Igreja.
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Em nossos corações ainda ecoa a voz do papa Leão XIV, ao justificar a escolha do próprio nome: “Leão XIII, com a encíclica histórica Rerum Novarum enfrentou a questão social no contexto da primeira grande revolução industrial. Hoje, a Igreja oferece a todos a riqueza de seu patrimônio de doutrina social para responder a outra revolução: o avanço da inteligência artificial que traz novos desafios para a defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho” (Vatican News 09.05.2025). O Papa nos aponta, na revolução tecnológica mundial, a oportunidade de se acender a luz da esperança vinda do Evangelho.
A carta dirigida a todo ser humano
Quem viaja para um jubileu na basílica de São Pedro, escuta no ponto inicial do último trajeto rumo à porta santa, o texto da Carta aos Romanos: “justificados a partir da fé, estamos em paz com Deus por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo, por quem temos acesso pela fé a esta graça na qual estamos firmes, e nos orgulhamos na esperança da glória de Deus. Não só, mas também nos orgulhamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança; a perseverança a experiência; a experiência a esperança; e a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,1-5).
O capítulo cinco de Romanos, nos versículos 1-11, dá-nos a certeza de que a graça da fé nos concede a paz e a esperança da glória de Deus que não decepciona, porque traz sentido à tribulação, capacita-nos a perseverar e nos conduz ao amor que se derrama em nós pelo Espírito Santo. Depois dessa tese inicial, o texto mostra de que modo a justificação pela fé foi possível, desde a condição humana pecadora representada em Adão até a reconciliação em Jesus Cristo.
Diz a Carta aos Romanos: “por isso, como por um só ser humano, o pecado entrou no mundo e, por intermédio do pecado, a morte, assim a morte atingiu a todos os seres humanos, porque todos pecaram” (5,12). Aparecem aqui os poderes personificados que influenciam a humanidade, porque, em Adão, entra no coração humano a capacidade de pecar, não desejada na criação original de Deus.
Isso é expresso na interdição da árvore do conhecimento do bem e do mal, em Gn 2,16-17, que liga a transgressão com a morte. O pecado é o ato consciente de ruptura da Aliança com Deus, que supõe idolatria e injustiça. Ninguém está isento da morte, porém não devido ao pecado de Adão, mas pelos contínuos pecados da humanidade.
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Os versículos 13-14 falam do pecado, mas distinguem entre a possibilidade humana de pecar e os atos de pecado cometidos: “De fato, antes do advento da lei já havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em conta quando não existe a lei. Todavia, a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram de modo semelhante à violação de Adão, que é figura daquele que havia de vir”.
Adão é o paradigma do ser humano, tanto na condição pecadora, como na expectativa do Redentor, o Filho de Deus Encarnado. Assim, ambos dão início a uma nova era: Adão na contramão da criação iniciada por Deus, e Cristo na nova criação restaurada pela vitória sobre o pecado.
A Carta retoma a comparação entre os dois personagens, nos vv. 15-17, agora sob a luz da graça de Deus, rompida por Adão, reabilitada como dádiva do Pai por Cristo e entregue ao ser humano pelo Espírito Santo. Tanto a condenação e a morte, em Adão, como a justificação, a abundância da graça e da vida em Cristo, atingem todas as pessoas. Se Adão não conseguiu realizar o propósito de Deus para o ser humano (Sl 8,5-6) e ficou sujeito à morte, Cristo o completou e restaurou a vida para quem o segue.
Por fim, os vv. 18-21 sintetizam o que foi dito em todo o capítulo cinco e acrescentam os termos “obediência” e “desobediência”. A “desobediência” reporta ao Gn 2,16-17 e 3,2.17, quando Adão e Eva sucumbiram ao pecado frente ao pedido de Deus, já a “obediência” ocorre em Jesus, no momento de sua morte, quando: “humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz” (Fl 2,8), como consequência de realizar o plano de Deus por sua prática e ensinamento, que não foram compreendidos pelas autoridades judaicas e romanas.
Na conclusão do capítulo cinco, a Carta aos Romanos relembra que a superabundância da graça de Deus tomou o lugar do pecado; e, por outro lado, confirma o desejo e a esperança de que “a graça reine pela justiça para a vida eterna por intermédio de Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 5,21).
Que o Jubileu da Esperança nos leve a imergir na reconciliação e nos faça pessoas novas que façam resplandecer em toda parte a face de Cristo, novo Adão.
Para refletir
1. Já me deixei envolver pela graça do Ano Jubilar da esperança? O que ainda preciso fazer para isso?
2. Por que a Carta aos Romanos se dirige a todo ser humano? O que ela me diz?
3. Onde eu vejo os sinais e consequências da condição pecadora da humanidade?
4. Como vejo e experimento a graça transformadora de Cristo que faz tudo ser novo?
Sobre a Carta aos Romanos, sugerimos o subsídio: Serviço de Animação Bíblica. Mês da Bíblia 2025. A esperança não decepciona (Rm 5,5). São Paulo: Paulinas, 2025 e o livro: Manoel Gomes da Silva Filho; Zuleica Aparecida Silvano (Org.). Carta aos Romanos: a revelação da justiça de Deus. São Paulo: Paulinas, 2025. (Palavra Viva).