Prsicila Oliveira realata sua luta contra o câncer de mama. Foto: Arquivo Pessoal
Ela tem 38 anos, é bacharel em Direito, mas atua como influenciadora digital. Moradora da cidade de Cristalina (GO), adora praticar atividade física e cuidar da saúde. Todos os dias, reserva algumas horas para responder os questionamentos das mulheres que a procuram, o que elas têm em comum? O câncer de mama.
Priscila Oliveira recebeu o diagnóstico em fevereiro de 2021 e compartilhou toda a sua jornada de enfrentamento à doença nas redes sociais, ganhou seguidoras e muitos admiradores famosos no meio católico como a cantora Adriana Arydes e o padre Fábio de Melo.
É que junto com a dura notícia da doença, Priscila experimentou a ternura de Deus em sua vida. “A fé foi fundamental, foi a base para que eu pudesse seguir em frente nos dias em que não tinha forças para andar ou comer. A doença tinha outro propósito na minha vida que não era a morte”, conta.
Outubro é o mês em que o mundo inteiro se pinta de rosa para chamar a atenção para o câncer de mama. O objetivo é compartilhar informações a fim de promover a conscientização e um maior acesso aos serviços de diagnóstico para que a mortalidade seja reduzida. O diagnóstico precoce ainda é o maior aliado para o tratamento eficaz do câncer de mama.
“Esta é uma campanha que deveria ter o ano inteiro, pois existem muitas mulheres que não têm acesso à informação sobre este tema. Fazer o autoexame, manter as consultas médicas em dia são atitudes que salvam vidas”, acrescenta.
Confira, a seguir, o relato de Priscila e divulgue este conteúdo para outras mulheres. A ideia é unir informações relevantes ao exemplo de superação e fé de Priscila que hoje dedica a sua vida a ajudar quem está enfrentando o câncer de mama.
“A gente acha que é o fim, perde o chão, mas a partir do momento que você entrega nas mãos do Senhor e apresenta a Ele a sua doença, essa dor se transforma em missão. Ele vai mostrando o que Ele quer a partir de tudo isso. Você não é aquilo que te aconteceu, você não é esta doença. Você é aquilo que você faz a partir desta situação. É aí que a nossa fé é provada. Apresente tudo ao Senhor e entregue tudo em suas mãos, tenha em mente que o câncer é apenas um detalhe, que Deus quer fazer muito mais na sua vida”, afirma Priscila.
Minha vitória contra o câncer de mama
“Descobri o câncer em 2021, recebi o diagnóstico através de um exame de imagem. Eu já fazia acompanhamento de um nódulo na mama há uns 3, 4 anos. E depois que tive Covid senti que o nódulo não estava apenas na mama, algo estava errado, tive várias ínguas pelo corpo e uma íngua debaixo do braço que não curava. Estava com 35 anos, sem histórico familiar da doença e sem nunca ter feito o exame de mamografia. Fiz um ultrassom de rotina, para ver se o nódulo tinha aumentado, mas não tinha ideia que isso poderia se tratar de um câncer.
Fui encaminhada para uma mastologista que constatou que a doença já tinha se alastrado indo para os linfonodos axilares. Saí do consultório e fui para o banheiro, chorar, eu nunca vi ninguém de perto ter câncer de mama, eu tinha medo até de falar a palavra, pois para mim quem tinha câncer estava condenado a morrer, o meu choro era de alguém que ia morrer.
Fiquei sem reação diante da situação, paralisei a minha vida. Só não cheguei a questionar o porquê, mas perguntava para que? Foi quando decidi abraçar a cruz que as coisas começaram a se transformar. Aquela dor foi se transformando em força, em impulso para dar o primeiro, o segundo e terceiro passo. A partir do momento que aquela médica começou a correr, a falar em cirurgia de emergência, eu pensei: ‘tá errado’. Fui atrás de outra opinião médica, há vários tipos de câncer de mama, há muitas coisas a serem estudadas e avaliadas antes de propor o tratamento. No meu caso a quimioterapia veio antes da cirurgia para tentar diminuir o tamanho dos tumores.
Priscila Oliveira recebeu o diagnóstico em fevereiro de 2021. Foto: Arquivo Pessoal
É muito importante buscar outras opiniões, não façam nada no desespero. Peça que o Espírito Santo te direcione para o melhor caminho. Tenho certeza que Ele direcionou tudo da melhor forma possível, tudo foi da vontade de Deus na minha vida e pela mão intercessora de Nossa Senhora, que sempre me conduziu e acalentou, o colo da mãe fez toda a diferença na minha caminhada. As orações da minha mãe de criação também foram fundamentais, ela sempre rezava o terço e pedia por mim, a força da oração nos sustenta nos momentos mais difíceis.
Sabia que a doença não tinha vindo para a minha morte. Levei um tempo, mas percebi que a doença veio para me devolver a vida. Senti as mãos de Deus naquele momento. Começamos o tratamento com 16 sessões de quimioterapia e depois aconteceu a cirurgia de mastectomia radical com esvaziamento axilar. O câncer já estava avançado, na mesma cirurgia fiz a reconstrução mamária com prótese e o esvaziamento axilar me deixou com um pouco de limitação no movimento do braço. Após a cirurgia, foram 25 sessões de radioterapia.
Pior que o tratamento é o olhar de condenação das pessoas, elas acham que você vai morrer, ficam com dó. Sem falar da questão da autoestima que mexe muito com as mulheres. Perder os cabelos, a sobrancelha, os cílios, a pele e o corpo mudam, você olha no espelho e não se reconhece. Por isso a rede de apoio é essencial, os familiares, amigos, pessoas do ambiente de trabalho não devem olhar com pena. Tenham um olhar acolhedor, animem, deem força. Foi o que a cantora Adriana Arydes fez comigo. Ela repostou um vídeo meu e por causa dela o padre Fabio de Melo me viu também. No meio de tantas pessoas que os seguem, eles me enxergaram. Me olharam com um olhar de amor, fizeram me sentir gente diante de um cenário onde as pessoas me olhavam com dó, como se eu não fosse durar muito tempo.
O vídeo mostra que nós não somos o centro das atenções, é para bendizer o nome do Senhor. Esse episódio me fez entender a minha missão, a partir daí muita gente passou a conhecer a minha história. E é isso que continuo fazendo: postando meu dia a dia, para mostrar para as pessoas que mesmo depois de tudo isso, existe muita vida. Você não é a última nem a primeira a passar por isso e mesmo quem passou as vezes não consegue retomar a vida, por conta das mediações, é um turbilhão de emoções pós tratamento, mas é possível levar uma vida saudável.
Hoje estou muito bem, esbanjando saúde, mantenho uma vida saudável, terei que tomar medicação por 10 anos (hormonioterapia), mas em vista de tudo o que aconteceu, estou vivendo uma fase bem tranquila. Existe muita vida após o câncer. Você que está desacreditada, desanimada por passar por tudo isso, estou aqui para mostrar que é possível voltar à vida que você tinha antes da doença, é possível retomar e aproveitar essa segunda chance que Deus nos deu, essa vida linda que é um presente”.