Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Há muitos anos a região nordeste ressalta uma pergunta sempre que o mês de junho se aproxima, afinal qual é o maior São João do Brasil, o de Caruaru (PE) ou de Campina Grande (PB)?
É claro que a rivalidade só faz crescer o interesse pela festa. A verdade é que não importa qual é o maior, o intuito é valorizar a cultura nordestina, perpetuar as tradições juninas e se divertir a valer!
Tradições juninas
As festas juninas são as principais celebrações representativas da cultura do nordeste. São festejadas com quadrilha, balões, bandeirolas e muito forró. Elas se estendem ao longo de todo o mês e homenageiam os santos católicos: Santo Antônio (13/06), São João (24/06) e São Pedro (29/06).
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Na culinária, destaque para o milho, o coco e o amendoim: canjica, pamonha, mungunzá, milho cozido, bolo de milho, pé de moleque, paçoca e quentão são apenas algumas das delícias presentes em todo “arraiá” que se preze.
“O que me atrai nas festas são as músicas: o xote, o baião, as quadrilhas e as comidas típicas. Não concordo com a rivalidade, pois ambas as cidades são acolhedoras. Sou natural de Recife (PE), mas hoje vivo em João Pessoa (PB). Devemos enaltecer a cultura popular nordestina que é muito rica e plural, oriento as pessoas a participarem das quadrilhas improvisadas, somos contagiados pela energia da festa que dá vontade de voltar no ano seguinte”, afirma Liliam Freire do Emery.
A rivalidade entre as festas desperta a curiosidade de vivenciar as duas realidades e tradições.
Apesar de estarem em estados diferentes, a distância entre Campina Grande e Caruaru é de apenas 143 km, o que representa uma viagem de carro de um pouco mais de duas horas de estrada.
Lidiane da Rocha Elias participa das duas festas todos os anos. Foto: Arquivo Pessoal
“O hábito de frequentar as festas vem desde o ventre da minha mãe, minha família é festeira e o São João representa um período de fartura - colheita, comida, lucro, chuva em abundância. Passei a frequentar as festas de Campina Grande e Caruaru por influência dos amigos na faculdade. Sou apaixonada por São João e marco ponto nas duas festas todo ano, cada uma possui suas especificidades, porém a essência é mesma”, relata Lidiane da Rocha Elias.
Cultura nacional
As festas ocorrem no mês em que, normalmente acontece a colheita dos principais produtos da agricultura familiar ou de subsistência na região. Para uma população marcada pelo trauma das secas, as festas associadas à fartura e a boa colheita, possuem um significado especial.
É como se um novo tempo se instalasse na região e embora as festas juninas estejam associadas ao universo rural, hoje são grandes eventos urbanos, midiáticos e comerciais, fazendo parte da indústria cultural da região.
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É de abril de 2023 a lei que reconhece as festas juninas como manifestação da cultura nacional. Nos estados do Rio Grande do Norte, Sergipe, Bahia, Maranhão, Piauí, Paraíba e Pernambuco elas são fundamentais para a economia e o turismo da região.
Segundo o Ministério do Turismo, somente no estado da Bahia, o governo espera cerca de 1,5 milhão de pessoas nas festas juninas, que movimentarão R$ 1 bilhão na economia do país.
“Quem é nordestino tem isso na veia, quando é São João a gente se reúne e faz aquela quadrilha improvisada. É uma identidade com a nossa terra e o nosso povo. Herdei isso da minha família, íamos para o interior, um acendia a fogueira, outro tocava a sanfona e assim começava a festa. Somos um povo animado”, acrescenta Liliam.
Já Lidiane não consegue definir se prefere a festa de Caruaru ou de Campina Grande: “Quando se prioriza a pluralidade cultural de cada lugar, as rivalidades se dissipam, a magia está exatamente na valorização das particularidades e diferenças que cada uma dessas cidades apresentam”, finaliza.
Confira abaixo as playlists sobre as Festas Juninas.