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No dia 19 de abril, comemora-se o Dia dos Povos Indígenas, uma data para lembrar povos com histórias ricas e diversas, que remontam a milhares de anos antes da chegada dos colonizadores europeus. São considerados os verdadeiros guardiões da Amazônia, do Cerrado, da Mata Atlântica e de outros ecossistemas fundamentais para a preservação do meio ambiente, detentores de um vasto conhecimento sobre plantas medicinais, técnicas agrícolas sustentáveis, artesanato, dança e música.
Deixaram, ainda, no nosso vocabulário, palavras originárias do Tupi, que às vezes não percebemos justamente por estarem naturalmente arraigadas em nosso cotidiano, curiosidade abordada no livro “Curumim Poranga”, sobre dois meninos, Giovani e Curumim Poranga, que começaram a conversar pela internet.
A história tem início com a curiosidade de Giovani em conhecer a língua Tupi, que o leva a descobrir que ele mesmo já tem algumas palavras em seu vocabulário, como paçoca, Ipiranga, pipoca, peteca, Maracanã, entre outras.
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O autor Daniel Munduruku explica: “A literatura indígena tem uma função básica, que é ajudar os professores a apresentarem um novo olhar sobre as culturas indígenas aos estudantes. Podem fazer isso justamente introduzindo a escrita indígena no processo ensino-aprendizagem, para que as crianças possam se identificar com as histórias ali contadas e perceber que há outro modo de viver e de estar no mundo”.
É fundamental que a sociedade brasileira reconheça o valor imensurável dos povos indígenas para a diversidade cultural e ambiental do Brasil, e a escola é um ótimo lugar para trabalhar esse saber. E, mesmo com desafios dentro e fora da sala de aula, Daniel completa: “A literatura é um instrumento poderoso de sedução dos leitores para o mundo que se quer apresentar. Mas, para isso, os educadores precisam conhecer e acreditar que essas leituras serão capazes de educar o olhar da juventude para o universo indígena. Os estudantes costumam acreditar nos professores, mas os professores acreditam em si mesmos? Se a resposta for positiva, todo o resto será positivo e a criatividade dos professores se multiplicará por mil, porque os indígenas têm muito que dizer e estão gritando alto através das artes, e a literatura é uma delas”.
Reconhecer e valorizar a rica herança cultural e histórica, permitindo que os estudantes conheçam e respeitem as diferentes manifestações culturais, e desconstruindo estereótipos e preconceitos que muitas vezes são associados aos povos indígenas, significa promover a valorização da identidade e dos direitos dos indígenas e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
Nós, povos indígenas,
queremos brilhar no cenário da história,
resgatar nossa memória,
e ver os frutos de nosso país sendo divididos
radicalmente entre milhares de aldeados e “desplazados”
como nós.
(Potiguara, 2004 – Trecho extraído do livro “O caráter educativo do movimento indígena brasileiro [1970-1990], de Daniel Munduruku, p. 104)
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